sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

xenofobia

Olha que surpresa agradável!
Um comentário no último post de uma leitora que eu não conheço. Não sabia que o blog tinha alcançado pessoas que não estão próximas a mim, fico muito feliz. Sim, prometo escrever mais agora que estou de férias (fim de semestre estava complicado) e concordo com a leitora maranhense de que a cidade de Florianópolis é preconceituosa. Sou florianopolitano e reconheço que nosso povo é extremamente fechado para quem vem de fora construir sua vida por aqui, mesmo com o surpreendente número de que apenas 25% dos eleitores de Florianópolis nas últimas eleições, de fato, nasceram no município.
Minha cara amiga maranhense, confesso que não consigo entender o motivo do xenofobismo do manézinho que se estende mais contundentemente ao gaúcho e ao paulista. Tentarei me informar e me esforçar para responder essas questões, mas por enquanto, vou lhe garantindo que este fato também não é generalizado. Felizmente existem pessoas e grupos sociais abertos a pessoas de fora, que você já deve ter-las encontrado.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

argumentos elitistas

Em um dos textos anteriores, falei rapidamente sobre quem pouco sabe a cerca de um assunto e insiste em colocá-lo, mesmo quando os ouvintes percebem que é tudo besteira. A personagem deste acontecimento até manifestou-se aqui no blog, mas entendeu que eu estivesse falando que ela não entendia nada sobre cotas.

Não, na verdade o papo em que eu percebi sua ignorância foi sobre ações do Governo Federal.

Olha, não quero parecer arrogante, já parecendo, mas deixo claro que não há problema algum em não saber nada sobre qualquer assunto. Eu nunca darei minha opinião sobre os jogos da NBA, pois não entendo absolutamente nada de basquete. De economia eu entendo quase zero. Mas tive dois semestres de aula com um dos melhores professores de Santa Catarina no assunto lá na faculdade de administração que eu curso (e o pessoal está lá de prova que o Tramontin é realmente muito bom). Então, no zero eu não fico.

Naquele dia foi dito que o Bolsa Família não serve pra nada, utilizou-se aquele velho discurso republicano de que não se deve "dar o peixe, mas ensinar a pescar". Traduzindo, não se deve dar dinheiro, se deve dar empregos. Faz sentido, aliás, são dois pontos de vista válidos e que compõe a principal divergência política em diversos países, inclusive nos Estados Unidos - Democratas x Republicanos. O Barack Obama, por sinal, é da turma dos que dão o peixe.

Olha que curioso. O Bolsa Escola foi magnificamente criado pelo governo FHC (idolatrado por quem criticou o Bolsa Família, do Lula, naquela ocasião). É um mecanismo comum da economia que se chama Transferência de Renda e que compõe o produto de uma economia, utilizado por governos em diversos países, até nos mais capitalistas.
Perceba a lógica do mesmo. Uma pessoa bem sucedida recebe seu salário e dele são descontados encargos destinados ao governo. Este arrecada e distribui para quem não tem o que comer. O erro está em pensar que o dinheiro pára neste estágio. Muito pelo contrário: a pessoa necessitada recebe o recurso e vai até a venda maís próxima. O comerciante arrecada o mesmo dinheiro e lucra mais, porque este é um novo cliente (ele não podia comer anteriormente, não é mesmo?) e paga seus impostos. E assim por diante. O que acontece é uma maior dinâmica da economia. A prova disto é que o Nordeste brasileiro nunca se desenvolveu tanto, é a região cujo comércio mais cresce, a economia finalmente foi aquecida naquele lugar - onde também possui o maior número de pessoas atendidas pelo Bolsa Família.

Argumentos desqualificando a índole do brasileiro, que concluem em uma ineficácia do programa, do tipo "ah, o que adianta dar dinheiro pros ignorantes irem lá gastar todo o dinheiro em cachaça?" também não me interessam, pois além de o caso ser minoria, é só o que faltava um governo cruzar os braços e não fazer mais nada, partindo do pressuposto que seu povo não irá utilizar o que está sendo oferecido. A parte do governo deve ser feita, não importando a resposta do povo.

Pode ser que em outros lugares, "ensinar a pescar" seja a melhor opção, ou seja, criar mais possibilidades e oportunidades para que os empreendedores criem lojas, fábricas, etc, para empregar mais pessoas, para que estas deixem de ser miseráveis. Em minha opinião isto não serve para o Brasil, dado que tem gente passando fome. PASSANDO FOME! Coisa que não é da minha e nem da sua realidade. Não consigo imaginar o que é querer comer e não poder, é a segunda atividade principal em um ser humano. A primeira é respirar.

Por isso, entendo que inicialmente, devemos matar a fome das pessoas e, de quebra, alavancando o comércio e o setor produtivo da cesta básica, tudo isso com o dinheiro que nós pagamos de impostos, para que o dinheiro retorne - e um dia retornará, caso o programa obtenha sucesso - para quem o desembolsou.

Gauchadas



Colocarei em seguida um texto que recebi via e-mail, daqueles supostamente escrito por alguém famoso. Em seguida, vai meu comentário.

DE ONDE VIRÁ O GRITO?- Arnaldo Jabor

Num texto anterior, introduzi o conceito de "Ressentimentos Passivos”. Para relembrar, lá vai um trecho: "Você também é mais um (ou uma) dos que preenchem seu tempo com ressentimentos passivos? Conhece gente assim? Pois é.O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos.
Olham o escândalo na televisão e exclamam "que horror". Sabem do roubo do político e falam "que vergonha". Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam "que absurdo". Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão e dizem "que baixaria".
Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram "que medo". E pronto! Pois acho que precisamos de uma transição "neste país". Do ressentimento passivo à participação ativa".
Pois recentemente estive em Porto Alegre , onde pude apreciar atitudes com as quais não estou acostumado, paulista/paulistano que sou. Um regionalismo que simplesmente não existe na São Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém.No Rio Grande do Sul, palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa. Abriram com o Hino do Rio Grande do Sul.
Fiquei curioso. Como seria o hino? Começa a tocar e, para minha surpresa, todo mundo cantando a letra! TODOS! "Como a aurora precursora / do farol da divindade, / foi o vinte de setembro / o precursor da liberdade" . Em seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão. Com garrafa de água quente e tudo. E oferece aos que estão em volta. Durante o evento, a cuia passa de mão em mão, até para mim eles oferecem. E eu fico pasmo. Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado. Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é "comunidade". Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de São Paulo. Aliás, você sabia que São Paulo tem hino? Pois é...

Foi então que me deu um estalo. Sabe como é que os "ressentimentos passivos" se transformarão em participação ativa? De onde virá o grito de "basta" contra os escândalos, a corrupção e o deboche que tomaram conta do Brasil? De São Paulo é que não será. Esse grito exige consciência coletiva, algo que há muito não existe em São Paulo. Os paulistas perderam a capacidade de mobilização. Não têm mais interesse por sair às ruas contra a corrupção. São Paulo é um grande campo de refugiados, sem personalidade, sem cultura própria, sem "liga". Cada um por si e o todo que se dane. E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes.
Penso que o grito - se vier - só poderá partir das comunidades que ainda têm essa "liga". A mesma que eu vi em Porto Alegre. Algo me diz que mais uma vez os gaúchos é que levantarão a bandeira. Que buscarão em suas raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo.Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles. De minha parte, eu acrescentaria, ainda: “... Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda Terra..."

Arnaldo Jabor

Bom, primeiramente devo colocar que o texto acima provavelmente não foi escrito pelo Arnaldo Jabor, embora no início da leitura eu até pensei que fizesse bem o estilo dele de abordar as coisas - que não me agrada. Mas o Arnaldo, com aquele forte sotaque de carioca que possui, provavelmente nunca nem esteve em Bauru - que dirá ter nascido por lá.

O texto, entretanto, nos passa uma interessante e verdadeira mensagem. Ao contrário do que muitos que me conhecem possam pensar, sou isento para falar dos gaúchos. Nasci em Florianópolis (possuo imenso apreço por ser manézinho e orgulho do lugar onde nasci) e tenho familiares em diversos lugares do Brasil - inclusive no Rio Grande do Sul. A maioria da minha família é natural de Minas Gerais e lá vive, muitos moram no Estado de São Paulo, alguns no Rio e até na Bahia eu tenho parentes. Outros, como já disse, no Estado mais ao sul do Brasil.
Desde cedo tive contato direto com a cultura gaúcha, pois além de meu pai ser um, meu avô foi um dos personagens importantes para a cultura do Rio Grande do Sul, divulgando pelo Brasil nas décadas de 50 e 60 a figura do gauchão de bota, chapéu e bombacha, que toma chimarrão, fala grosso e tem pouca frescura - o que, inclusive, contribuiu para que isso virasse motivo para piadinhas a respeito da masculinidade do gaúcho.
Mas onde eu quero chegar diz respeito ao que o texto mais fez questão de enfatizar: o orgulho gaúcho.

A minha primeira experiência com o hino Riograndense foi na formatura de um primo meu, mais velho, que se formava em arquitetura pela UFRGS. Mesmo sendo bem mais novo do que sou atualmente, surpreendi-me ao ver que na execução do hino, toda a platéia, mais a mesa das pessoas importantes e os formandos cantavam a letra inteirinha com perceptível satisfação e orgulho ao cantar. As pessoas que pude constatar não estarem cantando eram justamente minha irmã, minha mãe e eu.
Posteriormente, em um dos jogos importantes do meu time do coração - o Internacional de Porto Alegre - antes do jogo começar, algum dirigente mexia com o brio da torcida e a convocava para incentivar o time desde o início. Para completar a empolagação da torcida, foi executado o hino Riograndense e, novamente, para minha surpresa, 56mil pessoas cantavam o hino em total concentração e exaltação, muito mais do que qualquer hino nacional que eu já tenha visto em estádio. Impressionante.
Depois me acostumei a identificar a melodia inicial desta música e saber do que se tratava, em qualquer evento importante que eu tenha ido, naquele Estado. O hino é, aliás, muito bonito e pode ser ouvido em http://www.mp3tube.net/musics/Ospa-Hino-Rio-Grandense/29760/

Agora, o por que desse orgulho todo, dessa vontade em demonstrar ser gaúcho (que nunca viu um carro com adesivo da bandeira do Rio Grande do Sul?), é que é mais difícil entender.
A história, como sempre nos auxilia muito. A formação do povo gaúcho e o desenvolvimento de sua cultura foi diferente de qualquer outra região do país. Já começaram com a ocupação espanhola, que proporcionou diversas características de hábitos e cultura. Foi, também, uma região envolvida em muitas guerras. Ao contrário do que muita gente pensa, não apenas por motivos separatistas, como a Farroupilha (a mais importante delas), Portugal e Espanha disputaram o Rio Grande do Sul por muito tempo, por exemplo. Mais tarde, a famosa disputa política entre os Maragatos e Chimangos. Aspectos que não existiram em outros cantos do Brasil.
Evidente que existem imensas diferenças entre as regiões do país entre culinária, sotaques, arte, costumes, etc. O que é tão diferente do Rio Grande do Sul, além de todos estes aspectos é o que o autor do texto (o falso Jabor) disse.
E digo mais. Não sou nenhum gaúcho exibido para estar falando isso, mas experimente pedir uma informação em Porto Alegre. Entre em uma lanchonete simples em Caxias do Sul ou em uma farmácia em Santa Maria. Sempre me surpreendo quando retorno àquele Estado com o tratamento das pessoas, sempre cordiais e prestativas. Claro que gente ruim ou mal-educada existe em qualquer lugar, até mesmo na Suiça, mas no geral, em comparação com o resto do Brasil, no Rio Grande do Sul é diferente.
Aprender o hino de Santa Catarina para mim seria, no mínimo, forçado. Ninguém por aqui - e em qualquer outro Estado mais ao norte que nós - vê seu Estado como uma nação, com identidade própria. O ruim é que nós não somos metade patriotas em relação ao Brasil, como os gaúchos são orgulhosos pelo seu Estado. Como diz no texto, a união que isso proporciona, a identidade bem definida só tem a contribuir com a nação, de um modo geral.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

por favor, não leia este texto!

Pronto, já avisei. Tenho certeza de que até hoje nunca toquei em um assunto tão polêmico e desafiador, pois tenho a absoluta convicção que todas as pessoas que lêem este blog irão discordar da minha colocação. Bom, cada um tem a sua opinião.
Vou direto ao assunto: Sou a favor do sistema de cotas para estudantes egressos de escolas públicas e, acredite, também sou a favor do sistema de cotas para negros.
Sei que você é contra, pois é integrante da classe média ou acima dela e, infelizmente, ainda esbarramos na questão da apartheid social, ao discutir esse tipo de questão aqui no Brasil. Mas peço que, mesmo tu sendo contra, que leia até o fim e tende repensar algumas coisas que serão colocadas.

Como eu gosto mais do problema racial do que do problema social, começarei por ele e, como de costume, apelando para a história. Peguemos o exemplo da escravidão americana. Os Estados Unidos tiveram uma escravidão tão terrível quanto a do Brasil, apesar de libertarem os negros um pouco antes do que os nossos tataravôs. Há também uma informação (que eu confesso nunca ter verificado na literatura, ou seja, não confirmo sua veracidade), de que se deixou para uma população negra, quarenta alqueires (é bastante terra) e algumas mulas, para que pudessem ter algo inicial em suas atividades, afinal, o que o negro sabia fazer durante a escravidão além de “ser escravo”?


Ainda sobre aquele país, mesmo com o decreto a contragosto do seu Abraham Lincoln, presidente na época, de que todo cidadão americano deveria ser tratado como igual, a partir daquela data, alguns Estados deram um jeito de burlar a lei e mantém até hoje, por exemplo, provas de conhecimentos e condições de renda mínima inatingíveis para os ex-escravos, para que uma pessoa tenha direito ao voto.


Curiosamente, os Estados da Louisiana e Mississipi, onde essa estupidez existe, são dois dos Estados mais pobres e menos desenvolvidos dos Estados Unidos.


Aqui no Brasil não teve nada dessa história de mulas e terras para negros, não: Fomos o último país a nos livrar da escravidão e ainda jogamos os explorados e humilhados na mais dura miséria. A única coisa que um negro tinha, em 1888 era o direito de ser livre. Ou não, pois no interior de Minas Gerais, na década de 60, minha mãe testemunhou a presença de gente, filhos de ex-escravos, que trabalhavam praticamente como escravos, apenas sem o auxílio da chibata. E isso era muito comum.


Ou seja, o que é que os nossos tataravôs, avôs e nós mesmos demos ao negro como reparo, pedido de desculpa ou medida de inclusão social, depois de esses anos todos? Tiramo-nos da África à força, exploramo-nos e, quando vieram os direitos humanos, os condenamos à pobreza e impossibilidade de desenvolvimento!


Não me venha dizer que existem negros que conseguiram subir na vida, pois é evidente que isto se trata de uma exceção. Quantos negros havia na sua sala de aula de colégio particular? Um ou dois? E no colégio inteiro? Não passavam de 1%, certamente.


Para piorar a situação que deixamos os ex-escravos, ainda resolvemos discriminá-los como inferiores e fora dos padrões de estética, por exemplo. Eu tenho amigos racistas, que em seus discursos de falso-moralistas, negam ser. Mas contam piadas racistas, evidentemente pelas costas, de algum eventual amigo negro. (Amigo?)


Não me interessa que piorem a qualidade do ensino público (este é o argumento utilizado pelos privilegiados da minha classe social), o importante é que uma vaga cedida a um negro é uma ferramenta de inclusão social ou até mesmo um pedido de desculpas, mesmo que seja tardio. Finalmente ele poderá fazer parte do mundo desenvolvido dos brancos, sem a falácia de que o sistema de cotas em si é racismo. Pelo amor de Deus, analisando a história desse povo aqui no nosso país, falar uma coisa dessas é ser idiota. Um negro já nasce tendo que lutar para ser aceito, para ser alguém na vida, tendo que se acostumar com olhares de desconfiança e/ou arrogância. (Sabemos que muitos pais de amigos nossos não aceitariam o namoro de seu filho ou filha com um negro ou com uma negra. Lamentável).


A prioridade primeira em qualquer país ou sociedade é a igualdade dos seus cidadãos e, como se vê, os negros ainda não conseguiram conquistá-la. Há 120 anos.

A lógica do sistema de cotas para ensino público não é a mesma, evidentemente. É, porém mais simples. Na época dos meus pais, um aluno de escola pública e outro de particular concorriam com as mesmas condições para uma vaga no ensino superior. Hoje em dia, sabemos que não é esta a realidade. A quantidade de alunos nas universidades, vindo das escolas públicas é um número ridículo. Temos maciçamente gente de colégio particular freqüentando a universidade gratuita, o que é um paradoxo.


Entendo que a entidade Universidade deve ser constituída pelo universo diversificado que é a população de um país: gente de todo tipo. Não tem o menor cabimento que um país pobre como o nosso, mantenha toda uma estrutura, que custa muito caro, para manter os ricos no ensino superior.


E lá vem, novamente, o argumento de que a qualidade do ensino cairia, partindo do pressuposto de que os alunos de escolas públicas (generalizarei de pobres) são inferiores, pois não tiveram base nenhuma.


Isso pode até ser verdade, apesar da minha suspeita de que a maioria dos alunos da escola particular também não teve boa base e passou graças aos equipamentos e professores do cursinho pré-vestibular. Mas desconsiderando este fato, acredito que a defasagem não é tanta assim. Talvez o fato de existir uma chance real de se ter uma graduação na Universidade pública faça com que a mobilização para o vestibular no ensino médio e público mude e aumente a competitividade entre aqueles alunos, elevando, desta maneira o seu nível. É uma suposição sem bases, como a de quem diz que os alunos de escola pública são inferiores aos de escola particular. Outro fator importante nessa história toda é a questão do preconceito que sabemos que existe. Entendo que somente o convívio vai tirar o preconceito dos que já criaram apelidos, como “cotistas” e outros mais pejorativos.


A questão do preconceito é muito presente nas nossas vidas. Nosso padrão é ser branco, heterossexual e não ser pobre. Quem não estiver nesta condição, sofre.


Sei do quão duro é o concurso do vestibular para quem investe tempo e dinheiro. A vida parece ter apenas um caminho, que é o de entrar na universidade pública. Deve ser mais penoso ainda, perder a vaga para um candidato com pontuação inferior. Evidente que o ideal seria que se criassem vagas adicionais para esse esquema de cotas. Também não sou nenhum imbecil para não concordar que "o ideal é que se invista na base para que todos possam chegar com iguais condições": isso é óbvio. Mas alguém me explica como fazer isto da noite para o dia? Demoram 20 anos, no mínimo. Como criar novas vagas também não deve ser possível, creio que a sociedade deve abrir mão de todas estas perdas a fim de finalmente colocar todos seus cidadãos em iguais condições de desenvolvimento pessoal.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

celuar na sala de aula

Este vídeo é inusitado! Olha o que pode acontecer com você, caso queira atender o celular durante a aula....
http://www.youtube.com/watch?v=1pho-XJySzk

cheguei!

Escrevo em um blog há umas semanas. Sempre gostei de escrever, e continuarei fazendo esta atividade,  mesmo se o tamanho grande dos meus textos assustarem os leitores. 
Estava, anteriormente, no blog de domínio da UOL, mas por sugestão de amigos, procurei um outro que pudesse ser mais "bonitinho" e tivesse mais recursos. Achei este aqui que é da Google (e o que não é da google hoje em dia?). Realmente é mais bonitinho e me permite colocar fotos relacionadas aos temas dos posts. A desvantagem é que a google está engordando o meu perfil no banco de dados deles, com todas as minhas idéias sobre tudo o que eu escrevo aqui no blog. Bom, não sejamos tão conspiradores assim...
Espero que goste dos textos e tentarei sempre atualizar com alguma coisa interessante.

não!

Presenciei hoje uma situação que sempre me deixa de cara.
Por quê as pessoas insitem em falar besteiras que elas mesmo não fazem idéia do que estão falando???

Ora, é muito simples: se eu não entendo NADA sobre orquídeas africanas (sou ignorante no assunto), eu simplesmente fico quieto, sem tentar mostra que sei alguma coisa. No final, todo mundo percebe que não se sabe nada.

A crise financeira e minha opinião sobre ela

Finalmente arrumei um tempo para expor aqui, algumas reflexões sobre esse alarde que está acontecendo no mundo inteiro a respeito da famosa crise financeira. Bom, como sei que a maioria dos leitores deste blog são universitários e alegam que não têm tempo para lerem notícias ou qualquer outra desculpa do gênero (simplesmente não há interesse, por exemplo), farei um breve resumo do que realmente aconteceu, o que é meramente a decodificação da linguagem rebuscada que os entendidos usam na TV e nos jornais e que ninguém entende nada.
Tudo começou no ano passado, quando a gente, aqui no Brasil, ouvia falar, meio que sem ter idéia do que realmente se tratava da crise imobiliária nos Estados Unidos. Os Estados Unidos, historicamente adotaram uma política financeira de baixos juros. O que estava acontecendo era que até 2007, a coisa mais fácil naquele país era realizar "o sonho da casa própria". Para ricos e para pobres. Se você estivesse interessado em comprar uma mansão em qualquer lugar que fosse, bastava procurar uma construtora que ela iria lhe apresentar uma opção e, em parceria com algum banco financiador, você poderia dividir o investimento em parcelas que levariam a vida para pagar, e com juros baixos. Ótimo negócio! E mais: na maioria dos casos não havia a necessidade, como no Brasil, de colocar um "fiador" no negócio, nem consulta a SPC, SERASA, declaração de comprovante de renda, nada disso. Esses órgãos tipo SPC, acredito eu, nem existem por lá (por aqui, para quem não sabe são cadastros das pessoas inadimplentes, más pagadoras) e fiador, também para quem não sabe, pode ser um grande amigo seu, que assina um termo no contrato de que é ele quem vai se comprometer a arcar com as parcelas do financiamento que você, por algum motivo, não pagou. Tudo era muito fácil, todos poderiam comprar casas de todos os gostos e tamanhos.
Aqui entra um parênteses de observação, e que quem já viveu por um breve período nos Estados Unidos, como eu, pode confirmar: Pequenas compras no cartão de crédito/débito não é preciso assinar nem digitar senha, compras médias é somente preciso assinar, sem identidade. A única vez que me pediram o passaporte foi quando eu comprei o computador. Em restaurantes ou bares não há, como no Brasil, todo um esquema de comanda, ou seja lá o que for, para se prevenir dos espertinhos que possam querer sair sem pagar a conta. Lembro-me de brasileiros espantados com essa liberdade lá na América. Ou seja, tudo isso confirma o fato de que os negócios, sejam os pequenos ou grandes, eram feitos na base da confiança, partindo do pressuposto que tanto o comprador quanto o vendedor são honestos.
Voltando à crise imobiliária. O que ocorreu, porém, é que por algum motivo desconhecido o americano passou a ser um mau pagador. Isso mesmo: caloteiro. Existem muitas hipóteses para a mudança: desemprego crescente, mudança de cultura, sabe-se lá o que. O fato é que os compradores dessas casas de financiamento com parcelas a se perder de vista começaram a não pagar os bancos. E, sem fiador, sem alienação de bens (também requerido em financiamentos no Brasil), sem nenhuma garantia para que os bancos de financiamento pudessem recuperar de volta seu dinheiro emprestado para que o cidadão comprasse sua casa (o máximo que pôde ocorrer é que esse Banco pudesse retirar a casa do caloteiro, mas quem aqui vai ao banco sacar uma janela, ou uma dobradiça? Queremos é dinheiro vivo e o banco precisa dele para suas atividades), estes bancos começaram a entrar em crise, sem que isso fosse divulgado em um primeiro momento, afinal você deixaria seu dinheiro em um banco quebrado? Os bancos, sem dinheiro, começaram a captar empréstimos de outros bancos, na esperança de que, em breve, pudessem recuperar o dinheiro dos inadimplentes das casas, porém isso não aconteceu. Como a mentira tem perna curta, os pequenos bancos financiadores quebraram: sinal de alerta. De repente, em um efeito dominó, os grandes bancos (como aquele grande banco de Washington cujo nome eu esqueci agora) também entraram em colapso. Crise instalada.

Você deve estar se perguntando "mas o que isso tem a ver com a queda das bolsas de valores no mundo inteiro?". Aí é que está: Isso não tem como explicar. Imagine que você está em um grande show internacional, com uma multidão de mais de 100mil pessoas. De repente, bem no centro do povão, acontece algum estouro. Todos saem correndo, atordoados e você não sabe o que é, mas vai ficar parado e ser atropelado? Não. Este é o "efeito manada", presente em outros grupos de animais. Algo deu errado e as pessoas a sua volta estão correndo com cara de apavoro (e é provável que elas também não saibam do que se trata).
O pânico tomou conta das pessoas que têm dinheiro aplicado, ao redor do mundo, afinal de tanto falar em crise imobiliária, e ainda mais agora com os bancos falindo, há algo errado. De uma hora para outra, todos correram para retirar suas fortunas aplicadas, com a intenção de não perder algo que se imaginou que pudesse perder. Vendendo-se as ações e retirando-se o dinheiro aplicado em outros investimentos, imagine o que se obtém? A moeda mundial: Dólares, claro! Um investimento supostamente seguro. É por isso que, com tanta gente comprando dólares no mundo inteiro, faltou até aqui no Brasil, fazendo com que seu preço disparasse (se existem apenas 5 Mercedez iguais à sua no Brasil, com certeza ela custa muito dinheiro; mas se você possui um Uno Mille como milhões de outros pelo país, seu preço é baixo: lei da oferta e demanda). Prontamente, o Banco Central do Brasil queimou suas reservas de dólares ao fazer um leilão das mesmas, injetando mais de 2 bilhões de dólares na economia e controlando o seu preço. O mesmo aconteceu com o ouro, outra moeda bastante procurada no mundo inteiro, que também teve uma elevação no seu preço.
Com certeza esqueci-me de alguns detalhes, mas creio que nada que pudesse fazer perder o foco. Em resumo, foi isso o que aconteceu.
Isso o que eu escrevi, qualquer um é capaz de dizer em noticiários, escrever em jornais. É a análise crua dos fatos. Mas quando um apresentador na televisão faz a famosa pergunta "Esta crise pode ter efeitos no Brasil?" dirigida a um destes entendidos, ele se esquiva e não responde. E eu não agüento mais ver essa pergunta na imprensa!

Quero ter aqui a ousadia de fazer uma análise mais apurada desses acontecimentos e até mesmo previsões: Com certeza esse é um importante fato histórico que nossos filhos estudarão na escola.
A origem do caos, como se pôde perceber, parece ter tido sua origem na falta de regulamentação para empréstimos, nos Estados Unidos. Isso eles tratarão de mudar, assim como os incentivos ao “crédito infinito” e não vai demorar muito, pois a pancada foi forte.
O importante é lembrar que o efeito-manada não deixará de estar presente no emocional das pessoas, ainda mais em um (investidor) especulador que vive a ganhar dinheiro, com o dinheiro. Mesmo que se faça a regulamentação da questão do empréstimo e tudo o mais, estamos sujeitos à outra crise a qualquer momento, em decorrência de outra falha da economia americana que nós não conseguimos enxergar nos dias de hoje.

Aí é que eu me revolto com comentaristas de economia na televisão e com palestrantes que fazem a análise igual a que eu fiz, mas com linguagem mais difícil. Não se questiona pontos como estes: Será que o erro foi mesmo a falta de regulamentação e outros meros detalhes? Ou será que o próprio modelo de capital aberto contém grandes furos que deixam o mundo inteiro vulnerável às perdas de dinheiro da noite para o dia? Isso tudo, aliado com a tecnologia, proporcionou essa debandada de dinheiro, pois em apenas poucos segundos, é possível movimentar milhões e milhões de dólares pelo mundo. A brincadeira é a seguinte: Você tira de A e aplica em B, A quebra. Tira de B e aplica em C, B quebra e assim por diante. A Bolsa de Valores e o mercado financeiro, em geral, são um jogo, onde os especuladores ganham dinheiro com dinheiro e o erro é justamente este. O modelo neoliberal capitalista acabou nos provando de que ele não se sustenta.

Os grandes filósofos europeus do século 19 já previam: Dinheiro não pode gerar riqueza, apenas o que gera riqueza é o trabalho, a produção. E é verdade. Esse pessoal todo que entrou em pânico e retirou seus bilhões das bolsas de investimento, desvalorizando as empresas que lá possuíam ações e fazendo com que estas viessem a desvalorizar tanto, que daqui a um tempo, alguns outros picaretas as comprarão a troco de banana e as venderão depois pelo preço que elas realmente valem.

Os Estados Unidos, historicamente, sempre defenderam a não intromissão do governo na economia, com as teorias não-keynesianas. Podemos agora jogar fora todos os livros com este ensinamento: a prática acabou de nos provar que, se não fossem os pacotes macroeconômicos adotados em conjunto pelos governos dos países no mundo inteiro, não se sabem os rumos catastróficos que a bola-de-neve teria tomado. Os governos entraram, sim, como agentes controladores e reguladores da economia, inclusive injetando dinheiro. Quem é que paga, então, o pato por isso tudo? O povo, que deixa de ter investimentos em infra-estrutura para salvar as mega-dívidas dos banqueiros e as atividades das empresas desvalorizadas (no site da UOL, a manchete atual é “EUA devem adquirir US$250bi em ações de bancos”, as ações podres dos bancos desvalorizados).
Tenho convicção de duas coisas:
1) Essa crise vai desaparecer de maneira tão rápida como ela chegou. Assim funcionam as coisas hoje e devemos nos acostumar. Talvez a crise até tenha sido ocasionada justamente pela velocidade com que podemos “brincar” no mercado atualmente, como disse anteriormente. Com ações em conjunto com as principais economias do mundo, as decisões corretas serão tomadas e tudo voltará à normalidade muito em breve.
2) Nós, brasileiros, sentiremos muito pouco dessa crise. Isso mesmo. Os nossos ministros e o nosso presidente, sabiamente adotaram discursos cautelosos, pois sabem que tudo o que disserem pode influenciar para mais ou para menos. Melhor é ficar em cima do muro, mesmo, e garantir que, se a crise vier, estaremos preparados para ela. Há uma semana, mais ou menos, tivemos a maior queda das bolsas americanas, acarretada logo após um discurso do Bush. O país parou para vê-lo pronunciar algo construtivo, alguma simples palavra de que ele possuísse algum plano para resolver todo o problema. Mas ele não disse, ele não tinha plano algum e não falou nada. As pessoas, amedrontadas, em instantes retiraram mais dinheiro ainda e tudo caiu como nunca. Isso comprova que os nossos governantes devem ter a maior cautela do mundo com esse assunto e, de fato, estão tendo. Além do mais, a economia do Brasil possui uma estrutura adversa da americana. Por aqui, o governo cria pacotes econômicos, o nosso Banco Central faz parte do governo (mesmo com certa autonomia) e todo o resto, de um modo geral, está equilibrado, não há motivo para pânico.

Agora, o que eu não faço a menor idéia é de por quanto tempo esse modelo de especulação financeira continuará fazer parte das nossas vidas e ser tão enaltecido nos noticiários e informes econômicos. Precisará de outra crise como esta para que se abandone a idéia de tentar gerar lucros a partir de aplicações financeiras? Sinceramente, eu me sentiria um fracassado se chegasse à maturidade e percebido que em minha vida toda eu nada produzi, que toda a minha fortuna foi fruto do meu pensamento de tentar ser mais esperto que os outros investidores, como num jogo, sem perceber que de nada acrescentei para a humanidade.
Por isso eu quero é que os especuladores do capital mundial se explodam com essa crise.
Creio que adotamos o caminho errado há 200 anos e é certamente impossível revertê-lo abruptamente. Espero, entretanto, que novos modelos para a economia e o mercado financeiro venham a ser desenvolvidos, assim como uma maior importância para o desenvolvimento do conhecimento, para deixar de lado essa bobagem de gerar dinheiro, a partir do dinheiro.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

aborto social, não!

Quem já leu o livro Freakonomicso lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta, vai saber com mais propriedade sobre o assunto que eu terei a ousadia de abordar em seguida. Para quem não leu, vai aqui uma boa sugestão de leitura.

O autor é um americano, grande estudioso de economia, mas não da economia clássica. Ele pega fatos cotidianos e sociais e analisa os dados econômicos referentes e disponíveis para melhor entender todo o contexto.

Deixemos o americano momentaneamente de lado e vamos ao fato de que, no meio em que convivo (classe média e classe média alta) conheço muito mais gente que se diz a favor da pena de morte e que condenam o aborto. Claro, me parece muito fácil para nós, as vítimas da violência, manifestar todo o nosso ódio pela falta de segurança e liberdade dessa forma: morte aos bandidos (quando não muito raro, morte aos pobres!). Muito se ouve falar que a pessoa deve perder sua vida, pois é um elemento que a sociedade não consegue mais recuperar, não há possibilidade de que ele retorne a conviver civilizadamente. A solução: Morte, como em alguns Estados americanos.

Uma historinha de ficção:

Carnaval de 1990, no Rio de Janeiro. Emanuel era conhecido em sua comunidade pela malandragem. Vivia de bicos, e quando reunia dinheiro, o gastava em bares. Bebia até desmaiar e, então alguém o levava para casa. Tinha apenas 20 anos quando conheceu Roseana, uma jovem que logo começou a namorar, de idade 14. Muito apaixonada e sem informação (Roseana abandonou a escola e foi trabalhar como manicure), a jovem acabou engravidando de Emanuel, que logo tratou de fugir para outra comunidade onde pudesse viver como vivia antes, mas sem o peso da obrigação de criar um filho. Roseana cuidou, com o auxílio de sua mãe, do filhinho Kauê. Ao completar 5 anos, a avó de Kauê faleceu por complicações cardíacas (e por não ter acesso à assistência médica). Kauê cresceu e começou a freqüentar a escola. Lá conheceu diversas outras crianças. Entre elas, Jefferson: Um garoto que vivia usando tênis, bonés, roupas e óculos-escuro da moda, iguaiszinhos aos dos ricos (que Kauê observava pela televisão). Ao se aproximar de Jefferson, descobriu que, aos 12 anos, o garoto trabalha para Rivelino. Descobriu também que Rivelino é o dono da “boca” do morro onde mora, é o traficante. Mas Jefferson apenas recebe alguns trocados como fogueteiro e aviãozinho (funções muito comuns entre a gurizada no negócio do tráfico de drogas nas favelas). Kauê quer ter todos os acessórios e bens iguais aos de Jefferson (que agora tem até um iPod), mas sua mãe não lhe pode proporcionar: está suando muito para pagar a prestação de uma moto para poder atender seus clientes em casa e ganhar tempo.
Kauê não titubeia e oferece seus serviços a Rivelino. Começa a trabalhar na favela e a admirar os controladores do morro. Enxerga-os como heróis. Aos 15, querendo conquistar as garotas da comunidade, Kauê descobre que precisa portar uma arma e demonstrar total segurança de si: nada pode detê-lo, nem mesmo a polícia. Os próximos passos você já conhece, pois deve ter assistido a filmes que bem retratam essa realidade.
Hoje, Kauê tem 18 anos e é um dos comandantes do tráfico de drogas de sua favela. É um dos bandidos mais procurados no Rio de Janeiro.

É uma história de ficção muito corriqueira e presente em qualquer centro pobre do Brasil. Até mesmo na Rua do Siri dos Ingleses, na Tapera ou no Monte Cristo.

Essa condição de vida e de idealização distorcida de objetivos de vida concedida ao jovem é o que alimenta a violência que nos faz temer sair de casa a noite. Kauê, daqui a 10 anos será um bandido de alta periculosidade, com mais de 30 homicídios na ficha policial. Tornar-se-á uma máquina de ódio pronta para matar ou morrer. É bom lembrar que fomos nós quem induziu Kauê a buscar ser (externamente) uma pessoa que ele não é. Foram os nossos amigos, filhos de famílias tradicionais de Florianópolis, que foram lá comprar cocaína com o Kauê e pagar com o novo Nike Shox trazido dos Estados Unidos. Fomos nós que criamos a idéia de pessoa bem-sucedida (cujo quesito riquezabens materiais vêm em primeiro lugar). Nós o criamos. E agora, queremos eliminá-lo: Kauê custará ao Estado mais de 100mil reais anuais para mantê-lo preso, em 2012, contando com as diversas transferências para presídios de segurança máxima, a exemplo de Fernandinho Beira-mar. Por que não matar Kauê de uma vez? Ninguém mais o quer, nem mesmo Roseana, que se envergonha do monstro que criou e hoje mente ao dizer para as outras pessoas que seu filho morreu.

Mas, se desejamos matar Kauê, porque não evitá-lo antes mesmo de sua existência?

É aí que entra o economista americano. Segundo ele, os estudos feitos nos anos 80 nos Estados Unidos previam que no ano 2000 a violência seria tanta naquele país, que estaria instalado no país um verdadeiro caos. No ano de 1995, contudo, notou-se uma estabilidade no aumento da criminalidade em todas as cidades americanas. Justamente no ano 2000, obtiveram-se os menores índices de criminalidade em 35 anos. Steven Levitt (o nome do tal americano economista) foi em busca dessa curiosidade e reuniu três dados importantes, a partir do ano de 1973, o ano em que o aborto tornou-se legal em todo o país:
1- A partir desde ano, mais de um milhão de abortos foram realizados todos os anos, gratuitamente.
2- A grande maioria dessas grávidas que procuraram o aborto reunia o perfil de adolescentes, pobres e solteiras.
3- Estudos sobre a mente dos criminosos mostraram que a grande maioria deles veio de ambientes familiares adversos, e que uma criança com um ambiente familiar sadio tem pouquíssima probabilidade de desenvolver um perfil criminoso.

Levitt também verificou que os investimentos sociais os investimentos em as ações policiais nos Estados Unidos pouco evoluíram desde então.

Perfeito. A historinha que eu inventei acima, continha “apenas” um casal pobre formado por um pai ausente, uma mãe adolescente pobre, imatura, mas trabalhadora. Mas sabemos que existem cenários terrivelmente piores como pais alcoólatras e/ou drogados, violentos, abusadores sexuais (que podem, inclusive, estar presente em outras classes sociais mais elevadas). Essas pessoas reúnem, principalmente, a característica de não desejarem ter um filho, criá-lo e sustentá-lo.

Desde 1973, milhões de crianças que, devido suas condições sociais e familiares poderiam ter desenvolvido um perfil de bandido, simplesmente não nasceram.

Parece-me uma boa solução para o Brasil, cujo Estado, mesmo que queira, não consegue fazer-se efetivamente presente nas comunidades pobres e violentas para proporcionar boas perspectivas para as crianças que lá vivem, pois essas ações, além de custarem muito caro para atingir todos, devem partir do pressuposto de que a criança teve uma boa educação na primeira fase de sua vida, tratada com amor, respeito e dignidade, quando se cria o princípio de um caráter humano. É muito mais difícil reverter a situação, posteriormente.

Finalizo então, retomando o caso da pena de morte, que é a idéia da exclusão fácil de um problema criado por nós mesmos, pela sociedade toda e que deveria somente existir para solucionar casos de psicopatas, seriais killer (como aqueles malucos americanos que metralham colégios), pois estes são realmente incuráveis mesmo com boa formação familiar e tratamento psiquiátrico. Ainda assim fico receoso em mandar matar essas pessoas.

Investir forte em planejamento familiar, proporcionar que a pessoa possa se livrar de um peso que carregará a vida toda por causa de um eventual descuido ou por falta de informação sobre os métodos anticonceptivos. Que esta pessoa venha, então a gerar um filho somente quando ela realmente queira. É uma saída que deve ser repensada. É muito complicado, entretanto, para um país onde a Igreja com o maior número de fiéis se posiciona contra até mesmo os métodos anticoncepcionais (que dirá do aborto) e possui boa representatividade na câmara de deputados, que nunca aprovariam uma lei como esta. Uma pena, um retrocesso e um atraso de vida.


Lembrei, depois de ter escrito esse texto, que aquela música "Pátria que me Pariu", do Gabriel, O Pensador é bem alinhada com o que eu disse acima. Ouça!

música inusitada

No último domingo fui contemplado pela apresentação, na MTV, do show em conjunto feito pelos Paralamas do Sucesso e Banda Calypso. Trata-se de mais um episódio de uma série de misturas de bandas de estilos completamente diferentes entre si. Neste caso, a de uma tradicional banda de rock brasileiro e uma banda tida como um dos maiores fenômenos de popularidade no Brasil, mas que causa certo preconceito aos sulistas do Brasil que, muitas vezes nem sabem do que se trata.

Pelo o que eu pude aprender com o programa, a Banda Calypso criou o seu próprio estilo, a partir de misturas de outras tendências. Existe muita influência de música africana e caribenha, justificando o ritmo marcante. O folclórico guitarrista da banda, e marido da vocalista Joelma, Chimbinha me surpreendeu muito com seu conhecimento de guitarra. O diretor do programa (um famoso produtor de diversos artistas) fez um comentário a respeito do músico, rasgando elogios pelo domínio do instrumento que ele possui. Realmente. Chimbinha praticamente criou aquele estilo de batida de guitarra que lembra uma percussão africana, típico em qualquer música da Banda Calypso. Com o seu conhecimento, formou uma grande dupla com o mestre Herbert Vianna, na criação dos arranjos.

Herbert, aliás, comentou, ao presentear Chimbinha com uma de suas guitarras que "a força e a expressividade do Chimbinha como guitarrista, como criador, harmonizador em cima de melodias e ritmos é um fenômeno que eu diria que daria capa de todas as revistas internacionais para guitarristas. Um fenômeno difícil de articular em palavras".

Teve também uma cena no programa em que o baterista do Calypso mostrava e tentava passar a batida cubana, muito utilizada no Norte do Brasil chamada "Casicó", para o famoso e consagrado João Barone, dos Paralamas.

Por fim, as letras das músicas chamadas de "brega" por nós, nada mais são do que o povo nortino quer ouvir (taí o motivo de tanto sucesso). Minto. Isso é uma suposição minha, um chute, mas acredito que tenha validade. As letras trazem certo sofrimento propositalmente exagerado e muitas expressões bem regionais.

Em resumo, para quem gosta de música, sem preconceitos, e gosta de encontrar qualidade em qualquer estilo musical é uma boa dica: O show pode ser visto na íntegra (junto com os ensaios e o depoimento do Herbert Vianna sobre o chimbinha, também!) no sitewww.cocacolazero.com.br/musica.

eleições parte I - politiquinhas

Era uma vez um país onde não se podia falar o que não se devia. E o que não se deveria falar? Ora, coisas determinadas pelos donos do poder: Os Generais do exército. Hmm... Serão mesmo eles os verdadeiros donos do poder na Ditadura Militar? Bom, deixa pra lá, pois isto é outro papo. Digamos que eram eles, mesmo na condição de fantoches, faça de conta que eles eram os poderosos. Não era permitidas reuniões de estudantes. Nem simples encontros em apartamentos. Poderia ocorrer o azar de algum espião estar infiltrado na galera (como aconteceu com a turma da minha mãe).

Não se podiam ouvir certas músicas. Bom, calhambeque-bi-bi você poderia ouvir à vontade, era até incentivado pelos grandes generais. Roberto Carlos e outros eram a verdadeira "jovem guarda" do governo. Mas se você preferisse Chico Buarque, Caetano, Geraldo Vandré, entre outros... Bom, aí não poderia ouvir em público. Melhor nem ouvir, para não correr o risco de ser torturado, preso, exilado e até morto.

Tantas brutalidades... E nem um acréscimo positivo sequer para a população. Somente destroços. Sucatearam a educação pública propositalmente, por exemplo, para "emburrecer" o povo de vez (antes da ditadura, meu Pai estudou em um dos melhores colégios do Rio Grande do Sul, público, é claro).

Mas irei encurtar a história.

Após a pequena abertura política em 1984, admitiram-se dois partidos apenas: Um que representasse o governo opressor, e outro que representasse a oposição.
ARENA e MDB, respectivamente. (Aliança Renovadora Nacional e Movimento Democrático Brasileiro).

Bom, então para as eleições indiretas para Presidentes, havia dois candidatos ao pleito: Paulo Maluf (ARENA) x Tancredo Neves (MDB). A votação seria muito acirrada e o risco de Maluf vencer e continuar com as mesmas pessoas no governo era eminente. Entretanto, algo curioso aconteceu: Alguns dissidentes da ARENA saíram da chapa e montaram um novo partido para apoiar o MDB de Tancredo.

Foram eles: ACM, Jorge Bornhausen, José Sarney, entre outros... (que timezinho de safados, hem?), e chamaram seu novo partido
prostituído de PFL.
Evidentemente que com esse apoio de peso, os democráticos do MDB (que hoje é o PMDB) venceram as eleições e o resto você já sabe.

Isto tudo está ligado, de certa forma, as eleições desse ano.

Pois é. É importante lembrar que a ARENA, depois virou PPB e atualmente é conhecido como PP. Mas como o nome já é meio queimado pelo Maluf, então é mais conhecido por "11".
O
PFL, depois de tanto desgaste do nome e de um profundo estudo de marketing, resolveu que o partido deveria ser chamar "Democratas". Peraí, mas esses caras não eram da ARENA, ligados à ditadura militar? O que isso tem de democrático? Vai entender...

O Dário, em 2000 concorreu à prefeitura de São José pelo PFL, hoje DEM, mas pulou para o PSDB e hoje se encontra no PMDB. César Souza Júnior (e isso é lá nome de prefeito?) agora é o candidato do DEM e critica Dário na questão da saúde, sendo que o seu candidato a vice, Walter Luz, foi o secretário da saúde do Dário até o ano passado. Pode? Como é que o cara critica o trabalho do próprio vice, meu Deus?

O Aminzão, não. Ele não faz nada disso. Foi prefeito de Florianópolis nomeado pela ditadura e assume isso com tranqüilidade. Mas que estava lá no ARENA junto com o Maluf, estava.

Coloquei parte I nesse post, mas não sei se escreverei a parte II. Pense a vontade sobre estes fatos, se bem que eu sei que não farão a mínima diferença para você. Uma pena: história é sempre importante.

menininha

Aconteceu à uns 2 sábados atrás.
Estava no McDonnald's da beira-mar, apreciando as calorias do meu nº2-com-coca-e-catchup-por-favor, quando me lembrei que teria que separar algumas moedinhas para uma simpática menininha que estava "guardando carros" no estacionamento. Olhei pela janela e lá avistei, novamente, aquele rostinho inocente e feliz por poder comer um McLanche Feliz que alguém teria pagado. E agora, sorvete. E mais moedinhas.


Não!

Decidi que não daria moedas. O que eu poderia dar, afinal, para aquela menina que aparentava uns 5 anos (isso mesmo!!), sozinha no estacionamento, seduzindo as pessoas com o seu encanto de criança? Lembrei de um amigo-do-meu-primo lá de Minas Gerais que tornou-se voluntário do Conselho Tutelar de sua cidade. Se o Conselho daqui fizer o trabalho que ele me contou que faz, a criança estará em boas mãos.
Comecei ligando para o ministério público, que evidentemente estava fechado em um sábado a tarde. Mas liguei apenas para informar-me do telefone do Conselho Tutelar. Do outro lado da linha, um vigilante mau-humorado me mandou ligar para a polícia. Ok. Liguei 190 e fui recepcionado, novamente, com mau humor. Será possível? Falei que eu estava diante de uma criança que não aparentava ser moradora de rua, de aproximadamente 5 anos de idade e que estava esmolando num estacionamento. Solicitei que informassem ao Conselho sobre o fato. Negou-me o favor, mas depois insistencia, finalmente consegui o telefone do conselho!!!
Alívio: um homem bem-educado me atendeu super bem e me garantiu de que, imediatamente, ele estaria enviando uma "abordagem", ou algo parecido que ele tenha dito, para resolver a situação. Maravilha. Não fiquei ali esperando assistir a minha iniciativa se concretizar, mas tenho forte esperança de que aquela criança foi encaminhada para algum lugar melhor do que aquele onde estava.

A criança não pode acostuma-se com a condição de pedinte. Ganhou lanche, ganhou sorvete, ganhou dinheiro... O que faria, aliás, com o dinheiro extra? Não é por aí. Infelizmente nossos problemas sociais não se resolvem na base da esmola. Temos o direito de utilizar a estrutura que a prefeitura nos oferece para tratar desses casos e amparar as pessoas necessitadas. É nosso dever, inclusive.

(inf+de)×formação = nada




Ok, ok! Peguei pesado, de certa forma. Generalizei no último post sobre os jornalistas... Cheguei a escrever um texto amenizando as coisas, mas... Voltei atrás e mantive quase todas as minhas opiniões. Tudo bem, acho que realmente existem grandes jornalistas que estudam e/ou estudaram muito bem o seu campo de conhecimento e falam com autoridade a respeito do Jornalismo.

O que me incomoda é que até mesmo este profissional bem-sucedido está submetido às manipulações praticadas pelos donos dos meios de comunicações ou até governos. Duvidas? Acha que é papo de esquerdista estudante de ciências sociais (nada contra, apenas um estereótipo)? Bem, então sugeri-lo-ei três filmes que podem ser vistos no site www.video.google.com (um portal muito interessante que possibilita que tu assistas diversos filmes de longa duração que muitas vezes são difíceis de conseguir, ou simplesmente são inexistentes). São os filmes:

· Zeitgeist: Um documentário audacioso que sugere a comprovação das maiores conspirações do planeta (o pior é que as provas têm consistência e fazem total sentido), tais como religião e as manobras mais maquiavélicas e perigosas dos "donos" do capitalismo americano, desde a Independência do país junto à Inglaterra. O problema é que se você digitar “Zeitgeist Portuguese” no site, vai aparecer uma versão com uma legenda de Portugal terrível, cheia de erros de tradução. Tente se concentrar no inglês, se possível.
· A Revolução Não pode ser Televisionada. Não gostas do Hugo Chávez, não é? Eu imagino que não. Só mesmo Eu é que sou um louco para gostar daquele que todos acreditam ser o ser mais louco da face da terra. Acontece que tudo o que você sabe a respeito dessa figura é produto de manipulação da mídia venezuelana e americana, repassada para a brasileira. É o que chega até nós. O filme é um documentário feito por uma TV Irlandesa que estava na Venezuela a fim de fazer uma matéria sobre o início do governo Chávez (no ano de 2002). Por sorte, bem quando esta equipe irlandesa encontrava-se junta com o governo venezuelano, a oposição direitista do país armou um golpe (bancado pela CIA) para derrubar o presidente Hugo Chávez, eleito pelo povo. Esta, contudo, é uma conclusão minha, pois o filme é imparcial, com entrevistas a pobre e a ricos; imagens do que se passava na época nos canais de televisão privados e no Estatal; imagens da aclamação do povo Venezuelano pelo retorno do seu presidente que jamais chegarão ao Brasil nas telas da Rede Globo e outras. Mostra também os discursos de representantes da Casa Branca, nesse período. Se você ainda acha que o Hugo Cháves é poderoso por causa do seu petróleo, não sabe o que é a elite venezuelana que dominou os petrodólares por décadas. O filme é sensacional e me emocionou.
· Muito além do Cidadão Kane (ou Quem). É um espetacular documentário feito pela BBC, de Londres, sobre a trajetória da Rede Globo desde seu nascimento (no berço da ditadura Militar). É um documentário antigo (feito no início da década de 90). A qualidade é ruim, assim como a dublagem é, pois foi feita por alunos da USP, já que as Organizações Globo compraram os direitos deste filme no Brasil, e ninguém tem acesso a ele, lógico. O filme mostra muitas das peripécias que a emissora fez até chegar ao topo da audiência brasileira e conseguir o know-how para manipular o povo ao seu bem entender. Isso mesmo: O Collor, por exemplo, é uma “produção Globo de qualidade” (já que o Silvio Santos, na época, era sério candidato a concorrer às eleições presidenciais, com grandes chances de vencê-las, e posteriormente o nosso, hoje presidente, Lula estava à frente nas pesquisas).
Bem, veja os filmes e saberás melhor sobre essas coisas importantes.
Este post está mesmo parecido com aquele estereótipo de estudante de Ciências Sociais, vestindo uma camiseta vermelha, escrita em amarelo: "Fora ALCA", ou "Passe Livre". Nada contra.
Não considero ruim o fato de me revoltar diante das injustiças proporcionadas e patrocinadas por poderosos, como bem mostram os filmes. O primeiro filme me deixou deprimido. Por concluir que, se o mundo todo pode ser comparado à um organismo vivo, que depende da cooperação mútua dos seus órgãos para sobreviver, então estamos caminhando para a auto-destruição e ela está mais perto do que eu imaginava. Claro que a nossa noção de tempo nos impede de fazer qualquer previsão (é como medir a distância de Florianópolis a São Paulo com uma régua de 30 cm). Podemos, porém, observar que alguns conceitos inventados pelos pais do capitalismo são absolutamente benéficos para poucos (muito poucos) e extremamente maléfico e exploratório para muitos. O capitalismo não nasceu de ideais por uma sociedade melhor e em busca do desenvolvimento humano, mas sim da vontade de alguns em ter os mesmos privilégios (e poder) que a classe Real tinha na época, através do acúmulo de muito dinheiro. A partir disso: manipulação de informações, como os três filmes bem mostram. (Assista!).

E a profissão do jornalista? É... Posso ter generalizado, e tudo o mais, no último post... Mas me revolto em saber que essa classe (e a dos profissionais da mídia, em geral) é conivente com as decisões que vêm de cima: Mais desgraça, mais emburrecimento, Zorra Total, mais sensacionalismo, mais baixaria, etc.

Uma esperança, contudo, me veio à cabeça nesse instante. É algo que eu tinha comentado no último post: Internet. Acho que essa coisa, essa palavra, essa ferramenta, (o que é a internet, afinal?), enfim, esse meio de comunicação e integração de informações é algo que será estudado daqui a centenas de anos como um marco histórico semelhante à escrita. Com a Internet, não somos reféns do lixo que nos é empurrado. Aliás, a mim não há problema, pois possuo a capacidade de discernimento. O que me preocupa e me deixa chateado é saber que muita gente, de fato, utiliza o que é veiculado na mídia como verdade absoluta. Assista aos filmes e leia esse post novamente.

jornalismo, não!


Já comentaram e me perguntaram, depois de lerem meu blog, por que eu não faço jornalismo, já que escrevo razoavelmente bem e sou "metido a revolucionário". É um bom questionamento. Darei, portanto, a resposta a seguir.

Acho a jornalismo uma profissão de merda.

No Brasil, e em qualquer lugar do mundo, não existe ética na profissão, manipula-se informação conforme os interesses do dono do meio de comunicação e isso é um abuso.Li o Diário Catarinense durante o mês de Junho inteiro e recortei os artigos de que me mais gostei. Foram poucos, evidentemente. O resto é mal escrito, muitas vezes apenas jogam informações no ar sem maiores esclarecimentos para que fique "subentendido" do leitor. Ah, vá pra puta que o pariu!
Aquele Luiz Carlos Prates só escreve bobagem e fala do pobre como se todos fossem vagabundos e que tiveram as mesmas oportunidades na vida de uma criança de família rica. O Cacau Menezes é lamentável, nem vou comentar.

Faça um teste: Assista o Jornal da BAND, as 19h e em seguida assista ao Jornal Nacional, as 20h15 (agora com o horário político devem ter mudado os horários). Te juro, tu vais ver duas notícias que deveriam informar a mesma coisa, mas totalmente diferentes!!!! Na band, dizem que o "fulano do PT" é suspeito de envolvimento de blábláblá. No jornal nacional ele já foi julgado pela irregularidade e responde em liberdade. Na BAND, o "fulano do PSDB" é suspeito de envolvimento de blábláblá. No Jornal Nacional é somente "Fulano". Preciso recorrer ao Google para descobrir o partido do safado. Não me refiro apenas à política, em outras coisas que eles veiculam que é revoltante.

O caso Isabella Nardoni, por exemplo não dá maaaaisss!!! Sim, chocou o país, mas muito mais com a insistência dos meios de comunicação que ficavam especulando os culpados e não sei o que, ao invés de esperarem o laudo oficial. Mas um jornal quer sair na frente do outro e ficam nessa competição sensacionalista metida a besta.
Aquelas reportagens incheção de lingüiça do Jornal do Almoço também me revoltam.
Nos canais europeus da NET, pelo menos, dá pra ver que os noticiários, como não têm tanto crime bárbaro para noticiar, fazem reportagens e matérias sobre cultura, arte, etc. Menos mal.

Mas o principal motivo da minha aversão ao jornalismo é o fato de que a profissão está com os dias contados. Você, jornalista que está lendo isso e me odiando, saiba que sua profissão não existirá mais dentro de uns 30 anos. Veja o exemplo deste blog. Eu estou escrevendo o que quero e todos têm acesso à estas informações. O mundo está interligado por cabos de fibra óptica e sinais eletromagnéticos. A notícia sai da China e chega instantaneamente aqui. Por isso, o profissional do jornalismo não é mais requisitado. Veja nos esportes: tinha mais ex-atleta cobrindo e comentando as olimpíadas do que jornalistas. Eu, não sou jornalista e dou meu pitaco no que bem entendo, por exemplo. E assim por diante. Cada profissional pode, hoje em dia, publicar suas descobertas e opiniões sem que seja refém do jornalista. Até o nome da profissão é ultrapassado: Vem de Jornal, o veículo mais arcaico que possuímos cada vez menos utilizado e prestes à extinção.

Sem falar que eles não são especialistas em nada. Tenho até curiosidade em saber qual é o nível de estudo de uma faculdade de jornalismo. Escrever bem, qualquer um escreve. Falar bem, um ator pode fazer muito melhor.

Ah! Eu prestei vestibular para Jornalismo na UFSC em 2004/05. Entraram 82 pessoas. Eu fui o 83º colocado, acredita? Ainda bem!!!!!!

coisas da vida

Algumas coisas da vida podem ser comparadas às nossas preferências por comidas...
O magnífico rodízio de carne-massas-sushi versus o tradicional e conhecido feijão-com-arroz-caseiro (da mãe ou da avó).
Ficamos muito felizes quando saimos de casa para ir comer em um desses rodízios-de-carne-massa-sushi. Existem tantas opções... Queremos provar de tudo mas temos medo de não caber tudo na barriga. Não sabemos muito bem do que nos servir, na verdade. Podemos optar por pegar de-tudo-um-pouco. Porém sempre existe algo na mistureba que nos desagrada.
Então da próxima vez nos serviremos apenas de carne-massa, ou somente de sushi.

O problema ainda persiste. Nos servimos de tudo, sempre achamos que poderíamos ter pego algo mais. Porém ao terminar a orgia alimentar, não queremos saber de comida até o dia seguinte.

Já o feijão-com-arroz-caseiro é muito diferente. Conhecemos muito bem o seu gosto. Podemos até enjoar dele. Mas basta ficarmos 3 meses fora de casa que a saudade nos aperta violentamente. O feijão-com-arroz-caseiro é muito mais seguro, sabemos sua procedência. E como segurança demais nos aborrece.

Voltemos ao mega-rodízio. E à fartura e ao desespero por não saber o que escolher. À vontade de ser servir de tudo também.
Um ponto de equilíbrio é coisa difícil de encontrar.

Como eu queria encontrá-lo.

valores mais do que milhões


Essa é boa. Estou martelando esse assunto em minha cabeça o dia inteiro, depois de ter tido uma descontraída conversa entre amigos no último domingo.

O papo percorreu os mais variados assuntos a chegou no tema “eleições”. Muitos pontos de vistas diferentes e muito respeito por eles também. Até que, infelizmente (mas inevitável), associou-se política com corrupção. Surgiram muitos devaneios: “Será que o prefeito rouba muito?” “E o presidente, consegue roubar mesmo com todo mundo o vigiando 24h por dia?” “Por que alguém tão rico se candidata a vereador?”, entre outros. Até que um dos presentes, cuja opinião era de que todos, invariavelmente, roubavam, indagou o grupo:– O cara ganha 3mil reais por mês em um cargo público e está no fim da carreira. Uma importante decisão depende dele. Chega um empresário que quer fazer algo ilegal e oferece 3 milhões pela liberação. Quem daqui não aceitaria?!


- Eu! ÓBVIO que não aceitaria. – Respondi e a opinião felizmente foi compartilhada por outros participantes do bate-papo. Não tive tempo e nem cabia naquele momento um argumento consistente para a tal opinião, por isso o farei aqui.

Acredito que existem dois tipos de pessoas diferentes que podem aceitar se corromper dessa maneira, aceitando dinheiro ilícito: O sem-vergonha e o impulsivo.

O sem-vergonha, como o nome diz, não sente o menor remorso em fazê-lo. Aliás, por ser assim, passou sua vida inteira furando filas, pegando troco a mais e não devolvendo, encontrando carteiras recheadas de dinheiro e não as devolvendo, sonegando imposto, não pagando dívidas, ou seja, levando vantagem sem o menor constrangimento. Uma oportunidade dessas de enriquecer da noite para o dia é, para ele, como acertar na loteria e não importa as conseqüências que isto possa acarretar, pois para ele, o mundo é dos espertos e não dos trouxas.

Já o impulsivo, diferente do sem-vergonha, sempre soube viver civilizadamente inserido em sua sociedade. Cumpriu com seus compromissos, considera-se honesto e transmite seus princípios aos seus filhos, esposa, pais, colegas e demais pessoas que nele confiam. Evidente que uma situação dessas não é fácil para ninguém, é muito dinheiro! O impulsivo que tem lá seus valores de dignidade e honestidade não consegue pensar que depois ele certamente se arrependerá do crime que cometeu. E eu garanto que se arrepende.

Uma quantia dessas muda a vida do sujeito. Ele não pode colocar a fortuna na sua conta bancária, pois teria que declará-la. Não pode aparecer com a Range Rover dos sonhos, pois certamente alguém desconfiará. Se fizer alguma falcatrua para lavar o dinheiro, ele tá ferrado: Nunca mais dormirá tranqüilo por temer ser algemado na frente dos filhos e esposa, que nele confiaram suas vidas, e exposto em mídia nacional em alguma operação “tamanduá” da Polícia Federal (que, aliás, nunca prendeu tanto safado neste país). O pânico nem está por conta da prisão, mas sim porque o indivíduo feriu seus próprios valores e não foi coerente e verdadeiro com as pessoas a quem ama.

Percebeu o arrependimento? Sim, ele é milionário, mas não pode comprar o que deseja pelo medo de ser descoberto e ainda convive com um martelo que insiste em bater em sua cabeça: consciência pesada. Consciência limpa e leve não se compra e nem se vende, não interessa o valor, é algo construído ao longo da vida inteira.

um pouco de vermelho por aqui

Sei que quem leu o post anterior estranhou a menção a Cuba. Já ouvi mil acusações de que o “comunismo” não funciona e a prova disto é a pobreza em Cuba. (Só lembrando que o comunismo nunca existiu e o que se tem em Cuba é socialismo).

Quero deixar bem claro que não sou um fanático socialista. E nem capitalista. Não vejo problema algum em gostar de idéias propostas pelos filósofos que desenvolveram a idéia de socialismo. Quando a fizeram, apenas pensaram em um modelo de sociedade em que a obsessão por bens materiais não fazia parte das ambições das pessoas e para tanto, não havia propriedade privada.
Muitas dessas idéias socialistas foram propostas ainda no século retrasado. O socialismo fracassou e um dos maiores motivos é que ele não se desenvolveu assim como o capitalismo. Não se compara o socialismo da União Soviética com o capitalismo americano do ano 2000. Deve-se comparar o socialismo à Inglaterra nos seus primórdios do capitalismo (exploração da mão-de-obra, urbanização desenfreada e aumento dos problemas sociais).


Ainda assim, na tentativa de defesa das virtudes cubanas, devo-me valer do que restou do modelo.
Cuba é uma pequena ilha no caribe, assim como Jamaica, Haiti, Honduras, Nicarágua, entre outras. Todos os países extremamente pobres. O capitalismo não salvou estes outros países da pobreza e dos problemas sociais, muito pelo contrário: O analfabetismo em Honduras chega a 80%.
Os cubanos são pobres. Mas todos os cubanos são pobres, esta é a diferença.

Todas as crianças cubanas estão na escola, a saúde é de primeiro mundo e não existe miséria e nem mendigos.
Não defendo ditadura, repressão, nada disso. Acredito que as políticas sociais adotadas em Cuba as diferenciaram o país dos seus demais vizinhos semelhantes para um melhor desenvolvimento da população. Em minha opinião, se algum modelo de sociedade (diferente do capitalismo e socialismo) venha a ser proposto algum dia, este deve agregar esses aspectos que Cuba contempla até hoje.