terça-feira, 16 de junho de 2009
the book is on the table
Lei Seca, não tão seca.
Logo depois, a fiscalização afrouxou e tudo voltou como era antes, inclusive as mortes e os acidentes. Bem como a nossa negligência em dirigir depois de ter bebido.
Falácias do tipo "não há outra opção a não ser o próprio carro" são comuns. Os táxis podem ser caros, mas quem tem dinheiro para gastar mais de cinquenta reais em bebida também deve ter para pagá-lo, ou ainda, em uma possibilidade mais econômica, revezar a tarefa incômoda de não beber, entre um grupo de amigos. Realmente o preço, em minha opinião é a perda da comodidade e da conveniência.
Não é fácil, não estamos acostumados com este comportamento de não beber para dirigir ou vice-versa. Uma mudança na cultura das pessoas, entretanto, há de ser feita. Se todos parassem de beber e dirigir, eu também pararia e você também, garanto. Como ninguém se mexe primeiro para mudar, me parece que a saída é mesmo o retorno do policiamento, fiscalização pesada e punições severas para definitivamente nós nos comovermos e nos convencermos de que devemos mudar.
faladores e faladoras
O falar é próprio de algumas pessoas. Volta e meia eu reparo em rodas de conversa, na televisão, no cotidiano, enfim. Tem pessoas que sentem uma necessidade impressionantemente grande de falar, enquanto que outras sustentam uma dificuldade pavorosa de se comunicar por meio da fala.
Um lugar comum, porém, é possível de se determinar entre estes dois tipos de pessoas: a vontade cada vez maior, em virtude da necessidade de sobrevivência, de se dominar a oratória. Quem tem boa oratória tira uma nota melhor no trabalho da faculdade, pode virar um (bom) político, pode enganar a namorada ou o namorado, se sai melhor em uma entrevista de emprego, em uma entrevista para a televisão, de repente até faz mais amigos do que aquele que pouco fala, ou que verbalmente se expressa mal.
Falar bem, todavia, não significa falar muito ou demais. And that is the point! Falar bem, na minha concepção, é apenas uma parte do exercício de conviver civilizadamente com outras pessoas. O ciclo todo seria, portanto: ouvir, assimilar, pensar, falar educadamente conforme o ambiente e dar chance ao próximo de falar também. Vejo, contudo, o tempo todo gente não cumprindo esse roteiro básico de civilidade e se passando por inconveniente, mal educado, etc.
Como já disse, tem gente que não consegue deixar de falar, mesmo que o que está sendo dito não interessa a ninguém e o interlocutor fica ali, perdendo seu tempo com bobagens, assuntos cansativos e muitas vezes “autogabação”, pois quem não para de falar deve mesmo ser o entendido de todos os assuntos.
Estas pessoas, entretanto, a mim não parecem entendidos coisa nenhuma e sim, inseguros e sedentos por autoafirmação. Um exemplo rápido e corriqueiro é quando se comenta de um contratempo ocorrido em uma viagem ou aeroporto recentemente com alguém. Muito provável que os faladores prontamente se manifestem querendo contar de quando isto ocorreu com eles mesmos, acrescentando com detalhes sobre o lugar e a viagem em si, pois era exatamente isto o que eles queriam mostrar para os demais, afinal, quem é que viaja com freqüência razoável e nunca teve um revés nestas andanças?
Outra indelicadeza que muito se comete por conta da insegurança é desmerecer alguma roupa fora de moda de alguém, algum cabelo mal arrumado, ou um descuido com o visual na frente de um grupo (e em vez de alertar a pessoa reservadamente) na expectativa de transmitir aos demais que se veste ou se arruma bem e afirmar esta imagem. Muitas vezes (na maioria delas) o tiro sai pela culatra e as pessoas acabam criando outro tipo de imagem: arrogante, estúpido.
E falar além da conta também pode ser explicada pelo fato da deficiência da capacidade de escutar.
É por isto que, plagiando um apresentador de programa de rádio, eu acho que devem ser criados cursos de “escutatória” para complementar os tantos e tantos que existe de oratória. Quer falar bem? Então vá aprender a escutar, primeiro! Não me refiro apenas ao sentido fisiológico de ouvir, mas sim ao de escutar plenamente o que uma pessoa tem a dizer, interpretar, levar em consideração para então transmitir uma réplica – é claro que o que foi escutado também deve ser filtrado e, se não for interessante, o melhor é não ouvir nada.