terça-feira, 28 de abril de 2009

laboratório de ídolos

Já declarei, em outras oportunidades neste blog, minhas duras críticas ao jornalismo.
Minha opinião vai, contudo, se modificando, talvez amadurecendo, sei lá. Uma das conclusões que ando tirando é que uma das maiores desgraças que contemplamos do jornalismo nacional e internacional é a falta de assunto. Ao invés de, na falta dele, os meios de comunicação presentearem as populações com cultura, arte, ciência, etc., ficaram nos empurrando durante semanas a foto da barriga do Ronaldo. "Que absurdo! Não tem mais volta! Que degradação! É um ex-jogador!" Notoriamente fizeram questão de destruir a imagem que toda uma nação tinha de um ídolo, que outrora a mesma imprensa havia criado. E tudo isso para quê? É claro, para poder ressucitar o ídolo posteriormente e, de lambuja, a nossa audiência. Ronaldo é o cara, o amigo próximo de qualquer brasileiro, um exemplo de superação para o país inteiro! E joga muito!

Eu aposto o que os leitores quiserem que muito em breve seremos bombardeados pela super turnê de Michael Jackson, o monstro plastificado e pedófilo, que há pouco tempo foi criado pela mídia e você engoliu, esquecendo que aquele cara foi um revolucionário da música pop, grande criador de estilos e tendências musicais, compositor, cantor, dançarino... Sou realmente fã do Michael Jackson! Mas nada disso importou na época para uma indústria de entretenimento que necessitava colocar assuntos bombásticos no ar. Destruíram Michael. 

Prepare-se para a sua nova turnê, acompanhada de toda tietagem da imprensa, entrevistas, documentários sobre sua trajetória, etc etc etc. Você lembrará que ele também é o cara.














debates...

O último texto, sobre trânsito, resultou em um belo comentário de um amigo meu que irei publicá-lo, seguido da minha réplica.

Eduardo Kowalski:

Diogo,

A questão do transporte de Florianópolis e de todas cidades de médio a grande porte da latino américa e dos Estados Unidos da América é que este é baseado quase que exclusivamente nos derivados do petróleo - gasolina e óleo diesel para propulsão e piche e asfalto para a pavimentação. Irei ater-me aos núcleos urbanos, pincelando apenas que a logística de trânsito de insumos e produtos industriais entre cidades e portos é totalmente falha.
Sobre estes centros não encontraremos soluções enquanto não estiverem separadas fisicamente as malhas dos transportes coletivos e individuais. De quase nada nos adiantaria termos bilhetes custando menos de dois reais e uma oferta muito maior de linhas e horários se nos horários de pico estes coletivos ficarem presos no tráfego.
O movimento pendular que a capital catarinense enfrenta é também um dos grandes causadores desta moléstia. A maioria dos serviços está concentrada na região central da cidade, o que faz com que diariamente força de trabalho e clientela tenha que deslocar-se do seu domicílio para a mesma destinação. Vale lembrar que grande parte desta mão de obra encontra-se no cinturão metropolitano periférico de Florianópolis. Para piorar, o único acesso terrestre para a região insular se dá pelas duas pontes, caracterizando ainda mais o gargalo em que ali se encontra.
Tive conhecimento através de um caderno especial da edição de aniversário da cidade (23 de março) do DC que confabulava sobre os próximos 50 anos da ilha de um projeto da terceira ponte, passando por cima e exatamente no meio das duas já existentes, o que não seria nem um pouco eficaz com o problema do trânsito. A cidade e seus movimentos urbanos são reflexo das atividades que ali se encontram. Estes movimentos é que deveriam sofrer uma reflexão.
A curto prazo a prefeitura começou na última semana testes com faixas exclusivas para os coletivos e fala-se muito na reativação da ponte pênsil para a passagem do trem, o que serviriam apenas para a região do Estreito-Balneário. É isso que dá cargos técnicos se transformarem em cargos políticos.
Depois de dissolvidas estas enfermidades urbanas seria preciso ainda uma educação -institucional, tarifária, entre outras maneiras - da população no intuito de explicitar as vantagens do uso do transporte coletivo. Uma verdadeira mudança cultural. Só pra exemplificar, em Londres os carros particulares ao serem localizados na região central da cidade - toda monitorada por video - tem de pagar uma taxa diária pela utilização daquelas vias, como um pedágio.
Por hora é isso, vamos discutir essas idéias aí.

Abraços magrão.


Blogger DiogoBertussi disse...

Grande comentário, concordo com tudo o que foi escrito.
Acrescento ainda que este movimento pendular que contemplamos por aqui, na nossa Grande Florianópolis também é observada pelo país em todos os grandes centros urbanos: uma imbecilidade, por exemplo que todas as aulas da UFSC comecem e terminem no mesmo horário que todo o comércio nas proximidades da Universidade e também coincida com o horário dos milhares de trabalhadores da Eletrosul, por exemplo. Se somarmos à nossa geografia e histórica falta de planejamento urbano, o resultado é o que observamos diariamente: trânsito, pessoas paradas enquanto poderiam estar produzindo ou passando tempo com sua família, poluição, stress, etc.
Sou grande adepto da flexibilização geral de horários e calendário de todas as atividades nas cidades, acabando com o marasmo de domingo e horários de pico. Acho ainda que o calendário universitário e escolar deveria ser totalmente repensado, acabando com a paralização prejudicial de três meses e um cansativo ano letivo com uma pequena pausa no meio.
Enfim, isso tudo passa por debates gigantescos, leis a serem criadas e aprovadas... Não é fácil. 
Por hora, cabe a mim estudar o que eu amo que são os Sistemas de Transportes e garantir a ida e a vinda das pessoas de forma confortável, barata, segura e sustentável, hahaha.