Odeio motos, motocicletas, motociclistas, motoqueiros, motoboys e afins. Você também? Eu aposto que sim. Em dias de trânsito intenso, por exemplo, quando queremos trocar de faixa, devemos não apenas tomar cuidado com outro carro, mas também com a moto que irá passar entre os dois corredores de carro, para não matar um motociclista apressado.
Sei que também não gostas das motos e que deves andar de carro, assim como eu, acertei?
Desde 1990, segundo o Ministério da Saúde, os acidentes envolvendo motos no Brasil teve um crescimento assustador de mais de 2.000%, ou seja, temos 20vezes mais acidentes por ano do que no início da década passada. Em média, morre um motociclista por dia em São Paulo. É evidente que além de incomodar eu e você no trânsito, os motoqueiros também incomodam o sistema de saúde, que tem que alocar esforços e recursos para este tipo de atendimento.
Está claro também que os motoristas de motocicletas não estão 20 vezes mais imprudentes do que antes. O número dá a entender é algo que o mercado automotivo pode comprovar: o forte aumento nas vendas deste tipo de veículo e a entrada de diversas marcas estrangeiras.
E por que as pessoas compram motos?
Isto já não é tão claro assim. O que eu sugiro é que a moto e o carro significam, neste país, liberdade. Não temos trens, não temos ônibus confiáveis e confortáveis. Temos carros caros e motos baratas. Quem pode como eu e você, caro leitor, compra carro. Quem não pode, tem de arriscar suas vidas sobre duas rodas.
O tema sistemas de transportes é uma das minhas paixões, tanto que quero e vou trabalhar nesta área. Poderia compartilhar aqui minhas idéias e teorias sobre a maneira errada de como nos transportamos, mas o pouparei disso.
Apenas me limitei neste texto a lembrá-lo de que, mesmo que muitas vezes a gente sinta raiva de um motociclista, a culpa não é dele – que está tentando chegar a casa mais rapidamente que um ônibus lotado, ou levando encomenda a um cliente de seu patrão que utiliza o serviço de motoboy por ser mais barato.
Para aqueles que acham que o problema não tem solução (pois ninguém quer abrir a mão de sua liberdade por um transporte coletivo) olhem para a Europa, Japão e Canadá (e não para os burros dos americanos estadunidenses).
Bom, tenho muitas idéia e opiniões sobre o transporte urbano das grandes cidades, que um dia quem sabe eu exponha por aqui, mas já vou afirmando que estamos errados e completamente ultrapassados.
Eu consigo ver características gritantes de subdesenvolvimento em um trânsito congestionado e, com a nossa tecnologia disponível, tudo poderia ser diferente.