terça-feira, 18 de agosto de 2009
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Sobe e Desce
–Décimo.
–Oitavo.
–Sexto, por favor – digo.
–Oi! O sétimo, por favor.
Desembarco e vou fazer o que tenho que fazer. Volto depois de um tempo e aperto o botão. Um momento e as portas se abrem.
–Desce! – Parece-me que não há gravação para este procedimento, obrigando a acessorista a utilizar suas cordas vocais.
–Térreo.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
ciúmes
Colocarei aqui uma passagem do livro que ando lendo no momento, Leite Derramado do Chico Buarque, e não precisarei comentar mais nada.
"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta. O ciúme é então a espécie mais introvertida das invejas e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa da sua feiura."
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
um pouco sobre o que eu penso dele
Opa, overdose de noticiários e de documentários? Eu já não disse que isso aconteceria aqui no meu blog? Sim, e disse antes de ele morrer. Mas, por favor, não pense que eu profetizei este acontecimento triste porque sempre fui fã do Michael Jackson. Imaginei que a nova turnê do astro iria causar uma histeria na mídia um pouco menor do vimos recentemente, causados pelo seu óbito.
Gostaria muito de ter visto a nova saga do Michael pelo mundo e creio que tinha tudo para ser um sucesso.
Com a sua morte, eu fiquei obcecado por sua vida e passei a ler e assistir muito a respeito, pois pouco sabia. Quanto mais informações eu absorvi, menos conclusões obtive sobre as mais estranhas e excêntricas coisas que ele fez em vida.
O que posso fazer aqui é um pequeno relato de sua trajetória.
Michael Jackson nasceu negro e pobre nos Estados Unidos, e acredito que isso seja um enorme potencial para a formaçao de uma baixa auto-estima em uma criança. Contudo o garoto reverteu essa situação muito rapidamente, por demonstrar um dos maiores talentos artísticos que já se viu. Seus irmãos e ele formavam uma banda chamada Jackson Five que tocava músicas com certa ingenuidade jovial, agradáveis e que se encaixaram no movimento Black americano da época. E a figura do pequeno Michael era muito impressionante: Como podia um garoto de 12 anos, ou menos, cantar daquele jeito, sorrir com tamanha simpatia e segurança no palco e liderar (sim, liderar!) a banda em que tocava com seus irmãos?
Ao mesmo tempo, a explosão da massificação das telecomunicações fizeram com que nascesse o sensacionalismo e a necessidade de se divulgar na mídia (ainda que muito restrita) o "aqui e agora", seja lá onde e o quê for. É claro que Michael Jackson foi uma das primeiras cobaias por ser um alvo fácil e muito querido. Se o leitor tiver a paciência de procurar no youtube alguns clipes desta época (um dos que eu gosto muito é Michael Jackson e Paul McCartney em Say, say, say) pode perceber como era incrível o carisma daquele rapaz, seu jeito doce e inocente, uma pessoa muito do bem. Da maneira em que ele conquistou bilhões de admiradores pelo mundo, sua vida foi escancarada e em todo o lugar que ele passou a frequentar, ele era filmado, tinha de posar para fotos, dar entrevistas e posteriormente dar explicações dos mais variados assuntos possíveis.
Mas aí há um importante detalhe. Michael Jackson esteve trabalhando durante uma boa parte de sua infância e por toda a sua adolescência. Certamente nunca frequentou uma festinha de colégio, participou de gincanas de colégio, nem praticou esportes com colegas, brincou de rua, nunca foi à Disney e outras coisas normais de uma vida americana normal. Tudo na sua vida foi muito monitorado desde cedo. Soma-se isso ao forte indício de que ele tinha pavor de seu pai, que supostamente o batia muito. (E não é de se duvidar, pois é só ver qualquer entrevista com o seu Joseph Jackson para que uma série de questionamentos nos passe pela cabeça, até os do tipo: Como pode um garoto tão talentoso, inteligente e amável foi criado por um animal estúpido e imbecil desses?)
Depois do álbum Thriller, Michael Jackson começou a "embranquecer" e sua música e dança passaram a dividir espaço com as chacotas e piadinhas. Gravou mais dois álbuns de músicas inéditas, mas não se comparam com o sucesso do antecessor, Thriller. Parece-me até que as músicas destes últimos (Bad e Dangerous) são mais agressivas e não soam tão naturalmente como as de antes. Talvez seja um reflexo do que o artista vivia no momento, até o ponto de lançar a música Give me Alone (deixe-me sozinho, ou em paz) com um clipe onde mostra exatamente o que ele deveria estar sentido no momento: vontade de sonhar, voar e viver livremente.
Posteriormente, Michael deu uma sumida e veio parar aqui no Brasil. Fez um dos clipes mais legais dele, em minha opinião, em que teve a sensibilidade de perceber que as favelas no Brasil (um lugar que ele pouco conhecia) eram submundos esquecidos pelo resto do planeta e possuíam uma enorme vontade de mostrar que aquelas pessoas existem. Foi a música chamada They Don't Care About Us (Eles não ligam para a gente). Procure no youtube e verás aquela branquitude toda de Michael Jackson contracenando com a pobreza, tristeza e felicidade da favela carioca e do pelourinho baiano (dois lugares de sofrimento para o negro).
Será que ele saiu do conforto de sua mansão NeverLand em vão? Ou será que ele percebeu algo que não se fazia idéia de que existia, sobretudo nos Estados Unidos, e quis passar alguma mensagem ao mundo? Ele também fez isso no programa USA for Africa e em outro clipe sobre o aquecimento global que eu esqueci o nome (muito antes da mídia global anunciar a existência deste fenômeno).
Bom, o resto você já deve saber. Michael Jackson começou a aparecer em público cada vez mais estranho, fragilizado e sempre se defendendo.
Existe, inclusive, no youtube, uma entrevista da Glória Maria da época em que ela foi entrevistar o rei do pop aqui no Brasil, quando ele estava gravando o clipe mencionado há pouco. Diz ela que se sentiu mal ao se aproximar do mito, pois ela, que sempre o julgava e fazia piadinhas sobre seu tom de pele metamorfósico foi tocada por toda a bondade e pureza que ele transmitia, além de que Glória Maria percebeu que aquela brancura de sua pele era uma brancura doentia e não sadia e muito menos estética. Seu depoimento pode ser visto em: http://www.youtube.com/watch?v=2AAc58Psxeg
Há quem diga de que ele estaria renegando sua negritude fisicamente mas enaltecendo-a mundo a fora com tais projetos sociais e clipes com este tema. Dizem metaforicamente, então, que justamente no ano em que ser negro nos Estados Unidos é algo bom e que traz orgulho ao negro (presidente do país é negro e seu discurso é voltado para a igualdade étnica) o rei do pop que supostamente não aceitaria a sua condição de negro, foi embora. O que eu discordo muito.