terça-feira, 8 de dezembro de 2009

de volta

        E os cansaços do corpo e da mente se juntavam aos milhares de pensamentos por segundo da minha cabeça, na missão de atrapalhar a decisão sobre o pedido. Além disso, a vontade de reparar nas pessoas ao meu redor era outro forte estímulo.
        "Quarteirão ou Cheddar?", chego a filosofar por instantes. Mas a fila era grande e eu ainda tinha bastante tempo para a decisão final. Tenho mensagens a responder, lembro-me. Pego o celular, observo as horas sem me dar conta de quão cedo ou tarde isto poderia ser e me dirijo a "escrever mensagem". Rapidamente informo ao Sandri que agora já estava indo comer. Mentalmente reflito que em sua mensagem de texto havia certa dose de preocupação com o amigo, ao perguntar-me se já estava no meu destino. Também mentalmente o agradeci por isso: é legal quando alguém, além de nossos pais, demonstra preocupação quando nos metemos em situações que podem envolver riscos, como no sermão de pai que o Henrique me fez antes de pegar a estrada, o que foi positivo.
- Um Big Mac com coca, por favor! - Solicita a gordinha com forte sotaque gaúcho na minha frente.
- Batatas-fritas grandes por 50 centavos a mais?
- Sim.
        "Nem pensar", eu diria. A sensação da camiseta após ter suado bastante me incomoda um pouco, mas não muito. Será que estou fedendo? Ah, foda-se, ninguém me conhece, mesmo. E essas camisetas caras cheias de tecnologia de absorção não deveriam permitir isto, certo? Ah sei lá. Minha vez está chegando.
Na fila à minha esquerda, uma guria bonita me chama atenção. Muita atenção, na verdade. Não consigo parar de olhar pra ela. Muito linda, mesmo. E colorada! Mas seu namorado, também colorado, já está me encarando e colocando fim à minha contemplação. Será que um dia eu me casarei com uma mulher que torce pro Inter? Que pensamento estranho, mas de verdadeira vontade.
- Próximo! - repete a moça pela segunda vez e um ligeiro tom de irritação na voz.
- Opa! A promoção do Cheddar, com coca!
- Batatas fritas gran...
- Não, obrigado.
        Outra fila a ser encarada, mas de menor tamanho. Um gurizinho de uns 4 anos, muito engraçado, me chama atenção agora. Uniforme completo do Inter e número 5 na camisa, do ídolo Guiñazu. O guri de olhos bem verdes me percebe, me fita e, de repente, fica sério. Engraçado como isso acontece comigo. Adoro crianças e geralmente fico contemplando-as com um sorriso bobo no rosto. Então muitas delas param o que estão fazendo e ficam vidradas olhando para mim. O pai deste coloradinho tem entre 30 e 40 anos e então eu percebo que havia mais crianças uniformizadas de Internacional com pais relativamente jovens. Então me impressiono quando me dou conta de que crianças acompanhadas de pais "não-velhos" formam a maioria daquele ambiente.
        Finalmente pego minha bandeja e vou me sentar. Sozinho.
"Ah, mas tá tri bom. Ano que vem tem libertadores!", observa a guria na mesa ao lado para o grupo de amigos e amigas. Será que aqui só tem gurias bonitas ou a camisa do Inter que elas vestem faz-me pensar que todas são?
Na minha frente, uma família de gremistas. Estariam contentes eles? Parece-me que sim, pois o assunto futebol não estava mais em pauta, ao que pude perceber.

        Que coisa louca é o futebol, penso. Olha aonde vim parar! Viajo mais de 500 km, me encontro com amigos no estádio, vejo meu time ganhar e quase ser campeão brasileiro e venho parar sozinho no Mc Donnald's da Ipiranga com a Silva Só, antes de ir para a casa da minha tia.
        E será que conseguirei pegar a Silva Só novamente sem fazer o retorno?
    Na verdade tenho vontade de andar pela cidade. A atmosfera de Porto Alegre me atrai muito e até me modifica. Tenho certeza de que um dia irei morar por lá. E casar com uma colorada. E com ela ir aos jogos do meu Inter... Ok, me empolguei naquele momento. Agora, em Florianópolis, mais calmo, escrevendo este texto percebo que são meramente grandes divagações sem a menor pretensão de se tornar realidade.
        Mas a movimentação da capital gaúcha e de suas pessoas realmente é algo que mexe muito comigo, difícil de explicar. Aprecio até poder sintonizar a Liberdade FM e a rádio Gaúcha ao chegar pela free way. Ouvir música gaúcha e saber que muitos conheceram meu avô. Tomar chimarrão e não se sentir um estranho. Assistir ao Globo Esporte falar sobre o meu time, demais!
        
          Dá pra ver o quanto sou apaixonado por futebol e pelo meu time, não? É um sentimento muito louco, mesmo. Gasto boas horas do meu dia com isto. Quem sabe um dia até venho trabalhar no ramo. Administração esportiva, futebolística, sabe-se lá. Mais especulações sobre o futuro, apenas especulações.

        E é assim que resolvi retornar aos textos aqui do blog, que deve ter perdido toda sua audiência. Um texto meio embolado e sem objetivo de conclusão, mas que homenageia a cidade que tanto gosto e o meu time do coração. 
         Na posição de observador solitário, com uma descarga de pensamentos e sensações a todo o momento me encontrarei também daqui a menos de uma semana. Viajarei sozinho ao Canadá e por lá permanecerei durante pouco mais de 2 meses. Estar na condição de viajante desconhecido e forasteiro, quase invisível, e poder reparar em pessoas diferente de mim é uma das coisas que mais gosto de fazer na vida.
        Portanto, não faltarão oportunidades para descrever aqui no blog situações que me ocorrerão neste novo dia a dia. Não que esteja fazendo propaganda do tipo "não percam no próximo capítulo: Diogo observa as pessoas do Burger King de Toronto!" Nada disso. Só acho muito legal registrar o que vier a me acontecer e as impressões que tive. Certamente um dia gostarei de ler de novo.

        Por agora, pretendo escrever mais um pouco antes de embarcar, coisas que tive muita vontade de escrever, mas que o compromisso com as faculdades me impediu de fazê-lo, enquanto me despeço da minha cidade, do meu país e das pessoas que fazem parte da minha vida. Até mais!





terça-feira, 6 de outubro de 2009

um adendo

Se eu fosse falar sobre os projetos de transportes para a Copa e Olimpíadas, ficaria dias aqui escrevendo, pois gosto do tema.

Para os desconfiados sobre os congestionamentos do Rio de Janeiro, leiam apenas esta reportagem no link abaixo, do Jornal do Brasil, publicada neste site de notícias de transportes que visito diariamente.

A conclusão é simples: Existem soluções para todos os problemas de transporte de todas as cidades brasileiras. Soluções que não necessariamente são caras, como no exemplo da reportagem, mas soluções inteligentes e inovadoras. Como está escrito lá, sempre faltou vontade política, o que não é novidade no nosso país.

Sendo assim, nada melhor que uma visita para darmos uma geral na casa.

complexo de vira-latas

Gosto muito da palavra falácia. Segundo o dicionário Michaelis, seu significado é bastante simples: qualidade de falaz, engano, logro, burla. Mas não é isto o que me chama atenção na palavra. Para mim, seu significado vai além. Falácia é uma mentira. Mas não é uma mentira qualquer, é uma mentira qualificada, embora também tenha pernas curtas. Falácias são mentiras utilizadas em explanações pobres em argumentos. Comerciais de televisão estão repletos deste artifício. Quando se fala "compre do meu produto, é o mais novo do mercado", quer dizer que o mais novo é o melhor? Falácia! Por que devo optar somente pelo fato de ser o mais novo? Isto é um argumento ad novitatem, do latim.

Mas as falácias mais cabeludas são encontradas nos debates políticos e de ideais.

"Em Brasília só tem ladrão!": Falácia generalista.

"Não adianta pagar impostos, vou mesmo sonegar, eles vão roubar tudo mesmo...": Falácia sem-vergonha.

"Copa no Brasil? Olimpíadas? E o povo passando fome? Não, não devemos sediar estes eventos, não somos capazes! E as balas perdidas?" Falácia burra.

Quer dizer, então, que a cúpula do Comitê Olímpico Internacional e a da FIFA são um bando de idiotas completos e que deixarão os turistas que nos visitarão correndo perigo.

Já que este assunto está na pauta de qualquer brasileiro, que em geral gosta de falar mal de qualquer coisa apenas por falar, e logicamente utilizando falácias, vou exemplificar todo esse papo com um textinho que recebi.

2 de October de 2009

Rio 2016:

Agora, são 180 milhões de fiscais. É obrigação inerente ao jornalismo ser crítico. Jornalista não deve fazer oba-oba, jornalista deve fazer jornalismo. Informar, denunciar e criticar. E, em meio à festa popular pela escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, não podemos esquecer quem são aqueles que estão à frente deste projeto. E entender que as eleições de 2010 ganharam importância ainda maior.
Os que levarão adiante a organização das Olimpíadas nos próximos sete anos são, em boa parte, os mesmos que organizaram o vergonhoso Pan-Americano de 2007, que teve como marca as denúncias de superfaturamento de obras e investimento de mais de R$ 800 milhões em recursos públicos.

Criei, inconscientemente, a imagem de uma jornalista mulher, jovem e recém formada como autora deste texto falacioso.

1- Ao ser crítico (e, portanto criticar para bem ou para mal) pode acabar fazendo oba-oba, visto que a crítica se dá pelo ponto de vista de um só indivíduo, o que escreve o texto que deveria ser meramente informativo.

2- Quem disse que "quem levará adiante a organização das olimpíadas nos próximos sete anos serão em boa parte os mesmos do Pan?" Lamento informar à minha jornalista imaginária que, em 2016, já estaremos no segundo ano de governo do presidente depois do próximo, ou seja, mais dois presidentes eleitos diferentes, caso não haja reeleição. Se Eduardo Paes (prefeito do Rio, PMDB) não se reeleger em 2012 não será a mesma “boa parte” de quem está a frente da organização. E o que é "boa parte?" Falácia.

3- Pan-Americano de 2007, vergonhoso????? Vergonhoso para quem? Sou muito orgulhoso das organizações dos jogos Pan-Americanos, fizemos um excelente trabalho elogiado mundialmente e que credenciou o Rio a sediar as olimpíadas de 2016.

4- "Denúncias de superfaturamento de obras". Denunciar, qualquer um denuncia. Eu denuncio, tu denuncias. Onde estão as provas? A falácia é tão grande, que o valor é absurdo. Provavelmente o investimento público total não deve ter passado dos R$800 milhões. Nesse caso, a pessoa que teria superfaturado o valor, teria conseguido a façanha de desviar 100% do orçamento sem que ninguém conseguisse provar. Impressionante.

Gente, é triste que ainda haja quem fale mal de as olimpíadas serem no Brasil. O pior são os jovens. Estes, costumo chamá-los de burros. Isso mesmo. Em 2016 estarei com 29 anos, e estarão faltando engenheiros e administradores (bom para o meu caso), bem como médicos, profissionais de hotelaria, arquitetos, advogados, pilotos de avião, motoristas, camareiras, taxistas, mão de obra para serviços mais simples... Tudo! Estará faltando gente para trabalhar em todo lugar!

Para se ter uma idéia, só para o período da Copa do Mundo em 2014, está prevista a visita de um número de estrangeiros ao Brasil equivalente ao de 3 anos iguais aos de 2008! Será a nossa hora de, com menos de 30 anos de idade, encher os bolsos. E agora não é mais uma questão de otimismo, como no meu último texto, mas sim de realismo. As oportunidades estão aí, para quem quiser enxergá-las.

Meu professor de Administração dos Serviços (este tipo de administração, aliás, será o mais eloqüente nestes períodos importantes) contou certa vez que um conhecido seu, que tem um negócio no ramo de viagens, já está organizando translados de Florianópolis para Curitiba e Porto Alegre, com listas de espera para assistir aos jogos da Copa. Ele está também torcendo muito para que a Argentina se classifique para a Copa, contrariando sua vontade como torcedor, para que então ele possa explorar também o potencial turístico dos argentinos que visitarão a capital catarinense durante a competição – muito mais interessante comercialmente que o dos colombianos, por exemplo.

É claro que temos problemas, meus amigos. Os Estados Unidos hoje têm os maiores problemas financeiros do mundo. Problemas com imigração clandestina e com pobreza crescente. Mesmo assim, lá estavam eles candidatando Chicago à sede dos jogos. Nossos problemas vêm diminuindo ano a ano (inclusive a miséria) e a classe média com poder de compra não pára de aumentar. O mundo percebe isto, evidentemente.

O que muitos não conseguem – ou não querem – enxergar é justamente a incrível chance que temos de resolver muitos, mas muitos desses problemas. Choverá gente querendo colocar seu capital aqui para melhorarmos nossa infra-estrutura. São negócios. Serão investimentos com o foco no esporte, mobilidade e segurança. Em menor escala, mas muito importante, a saúde. Pilares importantíssimos para um desenvolvimento melhor sustentado.

Não se pode deixar que argumentem "ah, mas vão roubar muito!". Ah é? Pois vão roubar mesmo, duvido que não haja gente mal intencionada envolvida. Mas muito menos do que as pessoas bem intencionadas. Agora, não podemos deixar o bonde passar simplesmente porque não acreditamos na nossa honestidade (é melhor não fazer nada, então, e deixar tudo como está).

Por falar em gente envolvida, eu é que quero ser uma delas, no meio disso tudo, um dos maiores salões de negócios que o nosso país haverá de ver em sua história.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

aos otimistas

Acredito que a maioria dos leitores deste blog sabe que é Henrique Meirelles. Se você não sabe, Henrique Meirelles é um simpático senhor de uns sessenta anos de idade, careca, que preside o Banco Central do Brasil. Era filiado ao PSDB, mas foi convidado pela equipe do governo Lula (quem o convidou foi o então Ministro da Fazenda, Palocci) para integrar a equipe da economia do governo, assumindo o BaCen. Uma ótima contratação, pois os números da economia e os grandes feitos do Banco Central desde 2003 são evidentes e os ganhos para o país são muitos.

Gosto muito de assistir entrevistas de Meirelles na televisão. A última foi agora no domingo passado, num destes programas de entrevista que passam depois do horário do Fantástico, em outros canais. Depois de comentar tudo o que sua equipe fez pela macroeconomia brasileira, explicar a adoção de medidas às vezes conservadoras, o papo adentrou aos assuntos gerais do Brasil, principalmente sua política externa.

Henrique Meirelles, que já foi presidente do Bank Boston nos Estados Unidos, relatou que em épocas não tão distantes em que ele viajava e residia fora do Brasil, os estrangeiros em geral sempre tiveram um carinho pelo nosso país. Somos carismáticos, simpáticos, divertidos, etc. E quando o assunto era negócios, investimentos e economia, a postura deles se mantinha: generosidade, simpatia e nada a mais. Não levavam o país a sério. O Brasil não era um país sério e, de fato, ainda não é para muitas pessoas. Mas ressaltou que de uns tempos para cá, a coisa mudou radicalmente. Os ministros da Fazenda, do Planejamento e o próprio Presidente do Banco Central do Brasil hoje em dia vão lá fora e são respeitadíssimos. Pessoas importantes ao redor do mundo querem saber o que nós temos a ensinar e não é pouca coisa.

Para não dizer que estou sendo imparcial e apaixonado pelo governo federal que aí está, enfatizo que muitas destas diretrizes econômicas foram adotadas no segundo Governo FHC, sabiamente mantidas e aperfeiçoadas pelo atual.

Dois fatos estão dando ainda mais credibilidade a nós neste instante.

Primeiro, o Brasil atingiu o "grau de investimento". Agências internacionais de rating em investimentos financeiros classificam a chance que um país tem de "dar um calote" quando há um dinheiro lá investido. A pior nota é D, tratando-se de um país cujos investimentos são tratados como totalmente especulativos – não há garantias de retorno. Em seguida C, CC, CCC-, CCC, CCC+, B-, B, B+, BB-, BB, BB+ (antiga situação brasileira). Os seguintes conceitos são os de grau de investimento, grupo o qual adentramos neste instante, naturalmente com o pior conceito entre eles, ainda: -BBB (nós!), BBB, BBB+, A-, A, A+, AA-, AA, AA+, AAA. Este último conceito não é concedido a países “somente” ricos, mas para os países incrivelmente estáveis, como os da Escandinávia (Dinamarca, Suécia, etc.).

O segundo fato é a nossa saída da crise (afinal nós entramos nela?). Os únicos setores brasileiros afetados pela crise mundial financeira foram justamente os de empresas que se relacionam diretamente com mercados externos afetados por ela. No nosso mercado interno, uma ligeira queda de produção e no emprego, mas tudo já está voltando ao normal, com um crescimento ainda mais consolidado, segundo disse o professor Henrique Meirelles no domingo.

Disse ele: "Saímos da crise. E saímos rapidamente e fortes."

Isto causa ainda mais interesse, curiosidade e germina o respeito das outras nações.

Para completar somos, pela primeira vez na história, credores do fundo internacional. Dívida externa é coisa do passado. Somos autoridades quando o assunto é dinheiro.

A postura das relações internacionais adotadas pelo atual governo foi de fundamental importância para que isso acontecesse. Soubemos explorar novos mercados e nos aliamos a quem é parecido conosco, os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China, todos muito grandes, populosos e em crescimento) e com quem está perto de nós, o Mercosul (importantíssimo aliado nosso).

Mas o brasileiro, curiosamente, vive transitando da euforia à depressão, talvez um reflexo das nossas diferenças grosseiras em tudo quanto é assunto. Tudo o que escrevi há pouco é rapidamente esquecido quando assistimos reportagens da nossa miséria e principalmente da violência cotidiana.

O Brasil tem uma oportunidade maravilhosa de sediar também as olimpíadas de 2016 em uma das cidades mais bonitas do mundo. Mas o brasileiro ainda não sabe se isso é bom ou se é ruim.

Se pensarmos no Rio de Janeiro hoje, realmente é de se preocupar. Não se pode pegar um vôo tarde da noite no aeroporto internacional em virtude do risco de se trafegar pela Linha Vermelha, via de acesso que passa por perigosas favelas. Turistas constantemente são assaltados, não há transporte de qualidade, entre outros fatores.

É bom, contudo, lembrar que nem todas as pessoas são más intencionadas, aliás, a grande maioria é do bem. Se o Rio for a cidade escolhida, temos oito anos pela frente de árduo trabalho de uma série de mudanças de infra-estrutura e principalmente de cultura da população. Os ganhos para o Brasil seriam excelentes: Investimento maciço no esporte, que é ferramenta indispensável e oportuna para a inclusão social; a possibilidade de oferecer melhores condições para os estrangeiros que viriam aqui deixar suas riquezas em um dos melhores negócios internacionais que existe, justamente o turismo; oportunidades de bons empregos e negócios para pessoas da minha idade, em breve no mercado de trabalho e a herança de uma estrutura urbana digna de Olimpíadas, a exemplo do que aconteceu em Athenas.

Em geral, sou bastante otimista. Para tudo em minha vida. Quando o assunto é o futuro do Brasil, sou mais ainda. Escrevi este texto para extravasar meu momento "super otimista" e também para homenagear os otimistas como eu.

Espero ao fim desta semana poder ver o Obama, que já falou para Lula "Esse é o cara!", se expressar depois da eleição do Rio de Janeiro como sede das olimpíadas: "Este é O PAÍS!"


terça-feira, 1 de setembro de 2009

politiquinhas 2

Quem já foi a uma assembléia de condomínio sabe da chateação que é. Lá se reúnem pessoas que pouquíssimo tem em comum – tirando logicamente o fato de morarem no mesmo endereço – com o objetivo de resolver os mais variados assuntos: desde a cor do ladrilho que será colocado até seu o Fulano do 501 que anda de sapatos pela casa e atrapalha o sono da dona Cliclana do 401. Mas, mesmo um condomínio de muitos apartamentos, é raríssimo um quorum que chegue a 50% dos moradores - regra geral.

Até em uma reunião dessas, que não envolve tantas pessoas assim, a bagunça é certa. Todos dão suas opiniões, se interrompem e fica difícil colocar ordem na casa.

Agora, imagine você, se cada rua a ser asfaltada no país, cada escola a ser construída, ou cada médico a ser contratado tivesse que ser decidido pelos quase 190 milhões de brasileiros ao mesmo tempo? A inviabilidade disto ocorrer é óbvia.

Por conta desta dificuldade, criou-se a figura do político. Nós confiamos ao político a tarefa de decidir por nós, já que não podemos estar presente nas decisões governamentais. E ele, por sua vez, representa um número x de pessoas. O fato de más pessoas estarem ocupando estes cargos na sociedade se deve a uma infinidade de motivos: legislação que os favorece, motivos históricos e culturais, poder e regalias excessivas, etc. Ou seja, questões que foram mal fundamentadas ao longo do tempo e que conferiram a este tipo de servidor público, uma imagem e um papel distorcido daquilo que se espera dele.

O Senado Federal é um caso típico. A título de esclarecimento, o Congresso Nacional do Brasil possui a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. A primeira casa tem como papel fundamental representar o povo e, por isso, cada Estado brasileiro tem uma cota diferente, conforme a população - Santa Catarina possui 16 deputados federais. Já o Senado representa as Unidades Federativas da União, isto é, os Estados e mais o Distrito Federal. Por esta razão, todas as unidades tem o mesmo número de senadores: três.

Acontece que isto, em minha opinião, acaba gerando uma distorção muito grande e sucedendo outros problemas. É muito mais fácil eleger um político mal intencionado no Amapá ou Roraima (ambas as populações em torno de 500 mil habitantes) do que em São Paulo e seus 40 milhões de pessoas. E então somos presenteados com aquelas cenas de brigas, xingamentos, etc. na televisão. O Senado está em crise. Que falácia. O Senado SEMPRE esteve em crise. Quem não lembra que Antônio Carlos Magalhães e José Arruda (atual governador do Distrito Federal) violaram o painel de votação do Senado para bisbilhotar os votos secretos de cada senador? Agora falam em atos secretos e sempre tem alguma barbaridade a ser noticiada.

José Sarney, como devem saber, é o Presidente do Senado (e o terceiro homem a assumir a presidência, em caso de ausência de Lula, José Alencar e do Presidente da Câmara). Ele foi um dos fundadores do PFL, hoje DEM, mas agora é do PMDB. Ele já foi eleito pelo Maranhão, sua terra natal, mas atualmente transferiu seu título eleitoral para o Amapá e hoje é Senador da República por aquele Estado.

O Governo Federal não possui a maioria no Senado. Consequência: ou se alia com outros partidos e conquista a maioria. Ou simplesmente cria-se uma oposição tão forte e voraz pelo poder que barra qualquer tipo de projeto para votação e o país torna-se ingovernável. O PMDB é o partido escolhido por todos que precisam de apoio. Primeiro porque lá está gente de todo tipo: bons, maus, péssimos. Depois, porque o partido não tem ideologia nenhuma, apenas apóia quem lhe convier. E, por fim, porque se trata do maior partido do Brasil. Muitos governistas de hoje tiveram que engolir esta aliança, assim também como na época do governo FHC não foram todos que faziam parte do governo que aceitaram o apoio do partido numa boa.

Infelizmente, tudo vira um jogo ridículo de poder. A oposição, agora em Agosto denunciou José Sarney por uma série de coisas. E é claro que ele tem coisa a esconder. O governo, aprendeu que não deve ficar passivo a jogo e resolveu denunciar Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado. É outro que também com certeza deve ter o rabo preso. Pronto, tudo se aquietou, foi arquivado e não se fala mais em crise, por enquanto.

Nesse rebuliço todo que se criou o jornal Folha de São Paulo publicou uma entrevista com Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal, onde esta afirmava ter sido chamada por Dilma Houseff em seu gabinete e requisitada a "agilizar os processos de investigação de fraudes em empresas do filho de José Sarney". Lina foi chamada a depor em uma comissão no Senado. E o babaca aqui ainda foi assistir, lamentavelmente, ao vivo pela TV Senado. Eu parecia um torcedor de futebol torcendo pelo meu time, no caso, para os políticos que me agradam. Antes da senhora ex-secretária chegar, eles começaram os discursos venenosos de ataques. Quando ela falou, reafirmou o que disse na entrevista, porém com um tom muito mais leve, alegando que o que a ministra pediu não foi nada ilícito e, de fato não foi. Tudo foi culpa do jornalista infeliz da Folha que inseriu uma conotação provocativa no depoimento de Lina Vieira.... E assim prosseguiu o disse-que-me-disse até que alguns senadores começaram a se retirar da comissão e eu me retirei da frente da televisão.

Não é possível que aqueles caras que nós deixamos cuidar das nossas decisões enquanto fazemos outras coisas fiquem discutindo picuinhas, pior que em uma reunião de condomínio. O Brasil pede passagem para crescer em todos os níveis da sociedade, muita coisa está acontecendo, mas sempre esbarrando em leis mal fundamentadas e numa série de questões que deveriam ser de cuidado do nosso Congresso. Nós, os mais novos, é que devemos pensar em uma nova maneira de delegar poder de decisão para alguém, diferente dessa que temos agora, muito distorcida, sem credibilidade nenhuma e de eficiência zero.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

pertinente


"Será que existe um Brasil em outros planetas??"

(Luis Fernando Veríssimo)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sobe e Desce

Décimo.
–Oitavo.
–Sexto, por favor – digo.
–Oi! O sétimo, por favor.

Silêncio.

"Senado vai investigar novos atos secretos", leio no monitor ao alto.

Sexto andar. Elevador subindo. – Diz a gravação.
Desembarco e vou fazer o que tenho que fazer. Volto depois de um tempo e aperto o botão. Um momento e as portas se abrem.

–Desce! - Diz a moça sentada no banquinho vestindo uma máscara para proteger-se da nova gripe e finalmente pude escutar sua voz. Ela lia uma revista, dessas pequenas, de fofoca. Mais uma parada e:
–Desce! – Parece-me que não há gravação para este procedimento, obrigando a acessorista a utilizar suas cordas vocais.

–Térreo.

Fim da minha viagem, mas ela ainda terá mais de cem delas até o fim do dia e eu me pergunto: pra quê acessorista nos dias de hoje? Pagar para alguém ficar confinado em um caixote de menos de 4m² subindo e descendo o dia inteiro, sendo que os passageiros do elevador podem cuidar do procedimento de apertar os botõezinhos correspondentes aos andares que estes desejam se destinar! Terrível, coitada da moça.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

ciúmes

Colocarei aqui uma passagem do livro que ando lendo no momento, Leite Derramado do Chico Buarque, e não precisarei comentar mais nada.

"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta. O ciúme é então a espécie mais introvertida das invejas e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa da sua feiura."

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

um pouco sobre o que eu penso dele


Agora sim, acho que finalmente conseguirei terminar um texto sobre o Michael Jackson, ignorando o fato de que o leitor está se recuperando de uma overdose de noticiários e documentários sobre o ídolo do pop.

Opa, overdose de noticiários e de documentários? Eu já não disse que isso aconteceria aqui no meu blog? Sim, e disse antes de ele morrer. Mas, por favor, não pense que eu profetizei este acontecimento triste porque sempre fui fã do Michael Jackson. Imaginei que a nova turnê do astro iria causar uma histeria na mídia um pouco menor do vimos recentemente, causados pelo seu óbito.

Gostaria muito de ter visto a nova saga do Michael pelo mundo e creio que tinha tudo para ser um sucesso.

Com a sua morte, eu fiquei obcecado por sua vida e passei a ler e assistir muito a respeito, pois pouco sabia. Quanto mais informações eu absorvi, menos conclusões obtive sobre as mais estranhas e excêntricas coisas que ele fez em vida.

O que posso fazer aqui é um pequeno relato de sua trajetória.

Michael Jackson nasceu negro e pobre nos Estados Unidos, e acredito que isso seja um enorme potencial para a formaçao de uma baixa auto-estima em uma criança. Contudo o garoto reverteu essa situação muito rapidamente, por demonstrar um dos maiores talentos artísticos que já se viu. Seus irmãos e ele formavam uma banda chamada Jackson Five que tocava músicas com certa ingenuidade jovial, agradáveis e que se encaixaram no movimento Black americano da época. E a figura do pequeno Michael era muito impressionante: Como podia um garoto de 12 anos, ou menos, cantar daquele jeito, sorrir com tamanha simpatia e segurança no palco e liderar (sim, liderar!) a banda em que tocava com seus irmãos?

Não tardou para que um renomado produtor musical o procurasse e o ajudasse a gravar o seu primeiro álbum de sucesso, o Off The Wall, com diversos sucessos, forte característica da música Black e inovações na maneira de se gravar músicas para a época, buscando uma espécie de precisão dos instrumentos e vozes. Para algumas músicas o então garoto ainda gravou clipes de uma maneira então jamais realizada. Antes dele, video-clipes eram apenas a gravação da música em um show qualquer, em vez de uma série de tomadas de atuações com o fundo musical lembrando um filme curta metragem, a exemplo dos que temos hoje em dia.

Mais tarde e mais velho Michael Jackson simplesmente fez o álbum mais vendido de todos os tempos. Thriller ainda trouxe clipes cada vez mais sofisticados e inéditos, danças com coreografias desafiadoras. Tudo agressivamente revolucionário e altamente encantador.

Ao mesmo tempo, a explosão da massificação das telecomunicações fizeram com que nascesse o sensacionalismo e a necessidade de se divulgar na mídia (ainda que muito restrita) o "aqui e agora", seja lá onde e o quê for. É claro que Michael Jackson foi uma das primeiras cobaias por ser um alvo fácil e muito querido. Se o leitor tiver a paciência de procurar no youtube alguns clipes desta época (um dos que eu gosto muito é Michael Jackson e Paul McCartney em Say, say, say) pode perceber como era incrível o carisma daquele rapaz, seu jeito doce e inocente, uma pessoa muito do bem. Da maneira em que ele conquistou bilhões de admiradores pelo mundo, sua vida foi escancarada e em todo o lugar que ele passou a frequentar, ele era filmado, tinha de posar para fotos, dar entrevistas e posteriormente dar explicações dos mais variados assuntos possíveis.

Mas aí há um importante detalhe. Michael Jackson esteve trabalhando durante uma boa parte de sua infância e por toda a sua adolescência. Certamente nunca frequentou uma festinha de colégio, participou de gincanas de colégio, nem praticou esportes com colegas, brincou de rua, nunca foi à Disney e outras coisas normais de uma vida americana normal. Tudo na sua vida foi muito monitorado desde cedo. Soma-se isso ao forte indício de que ele tinha pavor de seu pai, que supostamente o batia muito. (E não é de se duvidar, pois é só ver qualquer entrevista com o seu Joseph Jackson para que uma série de questionamentos nos passe pela cabeça, até os do tipo: Como pode um garoto tão talentoso, inteligente e amável foi criado por um animal estúpido e imbecil desses?)

Depois do álbum Thriller, Michael Jackson começou a "embranquecer" e sua música e dança passaram a dividir espaço com as chacotas e piadinhas. Gravou mais dois álbuns de músicas inéditas, mas não se comparam com o sucesso do antecessor, Thriller. Parece-me até que as músicas destes últimos (Bad e Dangerous) são mais agressivas e não soam tão naturalmente como as de antes. Talvez seja um reflexo do que o artista vivia no momento, até o ponto de lançar a música Give me Alone (deixe-me sozinho, ou em paz) com um clipe onde mostra exatamente o que ele deveria estar sentido no momento: vontade de sonhar, voar e viver livremente.

Posteriormente, Michael deu uma sumida e veio parar aqui no Brasil. Fez um dos clipes mais legais dele, em minha opinião, em que teve a sensibilidade de perceber que as favelas no Brasil (um lugar que ele pouco conhecia) eram submundos esquecidos pelo resto do planeta e possuíam uma enorme vontade de mostrar que aquelas pessoas existem. Foi a música chamada They Don't Care About Us (Eles não ligam para a gente). Procure no youtube e verás aquela branquitude toda de Michael Jackson contracenando com a pobreza, tristeza e felicidade da favela carioca e do pelourinho baiano (dois lugares de sofrimento para o negro).

Será que ele saiu do conforto de sua mansão NeverLand em vão? Ou será que ele percebeu algo que não se fazia idéia de que existia, sobretudo nos Estados Unidos, e quis passar alguma mensagem ao mundo? Ele também fez isso no programa USA for Africa e em outro clipe sobre o aquecimento global que eu esqueci o nome (muito antes da mídia global anunciar a existência deste fenômeno).

Bom, o resto você já deve saber. Michael Jackson começou a aparecer em público cada vez mais estranho, fragilizado e sempre se defendendo.

Os Estados Unidos da América é a casa de um dos povos mais estúpidos do mundo, onde cada vírgula mal colocada em um contrato pode gerar milhões de dólares a um espertinho que resolva processar judicialmente o caso. Diversas personalidades americanas são frequentemente alvo dos aproveitadores que querem enriquecer desta maneira. Não foi diferente com Michael Jackson, absurdamente acusado de pedofilia.

Primeiro que a criança era ele. Depois desta reviravolta toda em sua vida, quando ele começou a ficar debilitado, visivelmente Michael Jackson resguardou-se e tentou resgatar em Neverland a infância que não teve. Sua maneira de falar (procure em qualquer entrevista dele no youtube) não é de alguém malicioso ao ponto de abusar sexualmente uma criança. Seu olhar, mesmo depois de tantas transformações, ainda permaneceu sereno e puro como o de uma criança.

A questão da cor da pele é intrigante e jamais revelada por ele. Ou ele realmente estava mal psicologicamente, entrando no campo da loucura para fazer aquilo propositalmente ou é algo que me parece o mais sensato: Michael Jackson tinha alguma doença de pele ou de pigmentação, o que fazia sempre vestir roupas compridas e proteger-se do sol com guarda-chuvas e máscaras.

Existe, inclusive, no youtube, uma entrevista da Glória Maria da época em que ela foi entrevistar o rei do pop aqui no Brasil, quando ele estava gravando o clipe mencionado há pouco. Diz ela que se sentiu mal ao se aproximar do mito, pois ela, que sempre o julgava e fazia piadinhas sobre seu tom de pele metamorfósico foi tocada por toda a bondade e pureza que ele transmitia, além de que Glória Maria percebeu que aquela brancura de sua pele era uma brancura doentia e não sadia e muito menos estética. Seu depoimento pode ser visto em: http://www.youtube.com/watch?v=2AAc58Psxeg

É muito louco também assistir a outra entrevista em que Michael Jackson, já todo desfigurado, afirma que só fez uma cirurgia plástica na vida, a do nariz e que esta serviu para que ele pudesse cantar notas mais agudas. É claro que a gente vê uma mudança brutal em sua face. Ou ele estava dizendo a verdade e, de repente, sofreu de uma doença não revelada e desconhecida que desfigura os efermos, ou ele estava com algum distúrbio psicológico e buscava uma perfeição plástica que jamais encontrou. Neste caso, o mais revoltante é pensar como podem existir médicos tão canalhas e mercenários ao ponto de fazer aquilo com seu rosto e não tratar da cabeça do paciente?

Há quem diga de que ele estaria renegando sua negritude fisicamente mas enaltecendo-a mundo a fora com tais projetos sociais e clipes com este tema. Dizem metaforicamente, então, que justamente no ano em que ser negro nos Estados Unidos é algo bom e que traz orgulho ao negro (presidente do país é negro e seu discurso é voltado para a igualdade étnica) o rei do pop que supostamente não aceitaria a sua condição de negro, foi embora. O que eu discordo muito.

Acredito que Michael Jackson tenha sido um ser humano muito diferente dos que habitam o nosso planeta hoje, pois revolucionar a arte é capacidade para pouquíssimos. Estas interpretações sobre suas "maluquices" (ainda existem muitas outras que deixei de colocar aqui) talvez sejam sinais em que ele procurou nos transmitir e, no entanto, não tivemos a capacidade de captar (lembrando, por exemplo, que Johan Sebastian Bach, um dos maiores músicos de todos os tempos foi fazer sucesso apenas 200 anos após sua morte, pelo fato de que seus contemporâneos não o entendiam).

E talvez todo o talento de Michael Jackson tenha sido gradativamente sufocado por toda a infâmia americana, que contagiou o mundo inteiro, restando dele apenas uma criança ao final de sua vida.

terça-feira, 16 de junho de 2009

the book is on the table

Ficou bem famoso um vídeo na internet onde mostra o jogador de futebol do Manchester United da Inglaterra, o brasileiro Anderson, apanhando para a língua inglesa em uma entrevista para a televisão do clube. Gente que fala inglês bem (ou que acha que fala) se diverte com as legendas irônicas e com a dificuldade do garoto de 21 anos em se expressar em inglês.



Pode me achar chato - eu sou muito bem humorado, aliás - pois eu não vejo a menor graça disso, a não ser a cara engraçada que o Anderson tem. Primeiro porque eu sei como é tentar se comunicar em outra língua e não ser bem sucedido: não é engraçado. Mas principalmente pelo fato de que há 6 anos, aproximadamente, o Anderson era um guri praticamente de rua, em Porto Alegre. Anderson não teve oportunidade a nada, nasceu em um bairro super pobre e violento da capital gaúcha mas teve a sorte de jogar futebol como poucos. Hoje ele é jogador de seleção brasileira e de um dos maiores times da Europa, o Manchester, vive em um país de primeiro mundo, é bem sucedido no que faz e mais: não se intimidou e tentou falar inglês, mesmo que de forma bizarra. Ainda assim, melhor do que tê-la evitado.

Tem gente por aí que fala inglês maravilhosamente bem mas que é péssimo no que faz e foge dos seus desafios.

Lei Seca, não tão seca.

A Lei Seca é inconveniente. Traz transtornos. A Lei Seca atrapalha. Tem gente que não está nem aí para a Lei Seca, como eu e, provavelmente, você.

Mas,

no primeiro mês de vigor da Lei, a queda no número de mortes por acidentes de trânsito foi surpreendente. No início, aqui em Florianópolis todos ficamos preocupados com as frequentes blitz nas noites da cidade e tomamos providências para não sermos pego em uma delas. Uma amiga minha, estudante de medicina, ainda me confirmou que era perceptível a redução das ocorrências de acidentados nas madrugadas do hospital em que ela dava plantão.

Logo depois, a fiscalização afrouxou e tudo voltou como era antes, inclusive as mortes e os acidentes. Bem como a nossa negligência em dirigir depois de ter bebido.

Falácias do tipo "não há outra opção a não ser o próprio carro" são comuns. Os táxis podem ser caros, mas quem tem dinheiro para gastar mais de cinquenta reais em bebida também deve ter para pagá-lo, ou ainda, em uma possibilidade mais econômica, revezar a tarefa incômoda de não beber, entre um grupo de amigos. Realmente o preço, em minha opinião é a perda da comodidade e da conveniência.

Não é fácil, não estamos acostumados com este comportamento de não beber para dirigir ou vice-versa. Uma mudança na cultura das pessoas, entretanto, há de ser feita. Se todos parassem de beber e dirigir, eu também pararia e você também, garanto. Como ninguém se mexe primeiro para mudar, me parece que a saída é mesmo o retorno do policiamento, fiscalização pesada e punições severas para definitivamente nós nos comovermos e nos convencermos de que devemos mudar.

faladores e faladoras

Existem muitas falsas verdades que apenas são tomadas como verdade, mas que, na verdade, não o são. Uma das verdades verdadeiras que eu aprecio é a frase: “Se não possui nada melhor a dizer, o melhor é não dizer nada”. Se todas as pessoas no mundo de hoje adotassem esta verdade e a exercessem sempre... Ah, muita coisa seria diferente.

O falar é próprio de algumas pessoas. Volta e meia eu reparo em rodas de conversa, na televisão, no cotidiano, enfim. Tem pessoas que sentem uma necessidade impressionantemente grande de falar, enquanto que outras sustentam uma dificuldade pavorosa de se comunicar por meio da fala.

Um lugar comum, porém, é possível de se determinar entre estes dois tipos de pessoas: a vontade cada vez maior, em virtude da necessidade de sobrevivência, de se dominar a oratória. Quem tem boa oratória tira uma nota melhor no trabalho da faculdade, pode virar um (bom) político, pode enganar a namorada ou o namorado, se sai melhor em uma entrevista de emprego, em uma entrevista para a televisão, de repente até faz mais amigos do que aquele que pouco fala, ou que verbalmente se expressa mal.

Falar bem, todavia, não significa falar muito ou demais. And that is the point! Falar bem, na minha concepção, é apenas uma parte do exercício de conviver civilizadamente com outras pessoas. O ciclo todo seria, portanto: ouvir, assimilar, pensar, falar educadamente conforme o ambiente e dar chance ao próximo de falar também. Vejo, contudo, o tempo todo gente não cumprindo esse roteiro básico de civilidade e se passando por inconveniente, mal educado, etc.

Como já disse, tem gente que não consegue deixar de falar, mesmo que o que está sendo dito não interessa a ninguém e o interlocutor fica ali, perdendo seu tempo com bobagens, assuntos cansativos e muitas vezes “autogabação”, pois quem não para de falar deve mesmo ser o entendido de todos os assuntos.

Estas pessoas, entretanto, a mim não parecem entendidos coisa nenhuma e sim, inseguros e sedentos por autoafirmação. Um exemplo rápido e corriqueiro é quando se comenta de um contratempo ocorrido em uma viagem ou aeroporto recentemente com alguém. Muito provável que os faladores prontamente se manifestem querendo contar de quando isto ocorreu com eles mesmos, acrescentando com detalhes sobre o lugar e a viagem em si, pois era exatamente isto o que eles queriam mostrar para os demais, afinal, quem é que viaja com freqüência razoável e nunca teve um revés nestas andanças?

Outra indelicadeza que muito se comete por conta da insegurança é desmerecer alguma roupa fora de moda de alguém, algum cabelo mal arrumado, ou um descuido com o visual na frente de um grupo (e em vez de alertar a pessoa reservadamente) na expectativa de transmitir aos demais que se veste ou se arruma bem e afirmar esta imagem. Muitas vezes (na maioria delas) o tiro sai pela culatra e as pessoas acabam criando outro tipo de imagem: arrogante, estúpido.

E falar além da conta também pode ser explicada pelo fato da deficiência da capacidade de escutar.

É por isto que, plagiando um apresentador de programa de rádio, eu acho que devem ser criados cursos de “escutatória” para complementar os tantos e tantos que existe de oratória. Quer falar bem? Então vá aprender a escutar, primeiro! Não me refiro apenas ao sentido fisiológico de ouvir, mas sim ao de escutar plenamente o que uma pessoa tem a dizer, interpretar, levar em consideração para então transmitir uma réplica – é claro que o que foi escutado também deve ser filtrado e, se não for interessante, o melhor é não ouvir nada.

falador
fa.la.dor
adj+sm (falar+dor) 1 Que, ou quem fala muito. 2 Que, ou o que diz o que devia calar; indiscreto. Fem: faladeira. Fonte: Dicionário Michaelis

quarta-feira, 10 de junho de 2009

gêneros

Acabo de retornar do cinema. Assisti ao filme brasileiro "A Mulher Invisível".
Tirando o final meio decepcionante (bastante enquadrado ao estilo Hollywood) o filme é sensacional.

Claro que, como a maioria das pessoas que está lendo este texto provavelmente ainda não viu o filme, não entrarei em detalhes. (Vá logo assistir!!!)
Gosto muito do cinema nacional, eu me sinto muito mais parte do filme, me identifico com o estilo de vida das pessoas, desde as gírias, o jeito de falar (que é muitíssimo mais natural do que nas novelas) até com a música que toca em algum ambiente-cenário, geralmente conhecida.

Além disso, como nacionalista ferrenho, gosto de valorizar qualquer tipo de arte do Brasil.

Tirando isto, o filme trata de um tema que muito me agrada: as relações sociológicas entre mulheres e homens. Li ultimamente o famoso livro "Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?" e fiquei ainda mais entusiasmado com a temática.

Com o auxílio deste livro, e de outras literaturas, cheguei à conclusões interessantes e que, em breve, relatarei aqui no blog, pincelando minha opinião. Mas agora está tarde e vou dormir. Bonsoir!