terça-feira, 26 de maio de 2009

sorte!

Sorte de hoje: "Os tolos e os fanáticos estão sempre seguros de si, mas os sábios são cheios de dúvidas".

Esta é uma das poucas frases que veio no meu orkut que me chamou atenção, pelo menos como um alento. Sempre condenei o fanatismo, qualquer tipo de fanatismo ou radicalismo é burrice.
As dúvidas fazem parte do desenvolvimento. A maioria dos textos que eu já escrevi aqui eu não escreveria novamente. Minhas opiniões sobre a crise financeira, sobre o jornalismo e até sobre mim (o texto de apresentação) já se modificaram totalmente, não sou mais eu a pessoa quem escreveu aquilo, foi um outro Diogo alguns meses mais novo do que este que escreve agora. Nada do que eu afirmei foi com certeza, e tudo foi chute, coisa de momento.
Ainda bem, pois, segundo o orkut, posso assim me tornar um sábio, hehe.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

marolinha boa

Bom, agora que já elogiei o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso, me sinto mais a vontade para elogiar o governo do atual presidente, Lula.

Sei que a maior parte das pessoas do meu meio social é crítica absoluta deste governo e é engraçado quando me perguntam, com perplexidade:

 

- Tu és a favor do Lula?!Justificar

- Sim. Eu e mais de 70% da população - respondo calmamente.


Não vou aqui escrever um texto fazendo propaganda pró-governo para não ser cansativo e chato. Irei apenas comentar certas (lamentáveis) piadinhas que surgiram após o comentário do Presidente de que a crise financeira mundial atingiria o Brasil apenas como uma "marolinha". Os entendidos da televisão malharam o pau, os entendidos do mundo acadêmico ironizaram o Presidente com o seu habitual ar de superioridade e eu fiquei quieto para ver o que aconteceria.

Domingo retrasado, no programa Canal Livre, da Band, o entrevistado foi justamente um jornalista econômico da Band, que volta e meia é entrevistador do mesmo programa, Joelmir Betting, cujos comentários costumam ser sensatos, ainda que costumeiramente acrescido de pitadas críticas e discretas ao governo.

Eis que, para minha surpresa, Betting se rendeu à política econômica do atual governo e obrigou-se a reconhecer alguns aspectos positivos. O mais sensacional foi quando ele sacou uma lista de dados da economia brasileira pós crise – eram uns 10, mais ou menos – do tipo setor de construção civil, setor alimentício, setor de tudo quando é atividade. Nenhum índice registrou queda brusca, aliás, pouquíssimos registraram queda. Ou seja, a economia brasileira recebeu um peteleco em que muitos se assustaram mas poucas coisas recuaram e, no geral, tudo continuou como estava: crescendo a todo vapor.

Viajei para Minas Gerais de carro, em abril. O que vi foram estradas cheias de carros e principalmente de caminhões. Caminhões novos, inclusive. Nas proximidades de São Paulo, encontrava-se corriqueiramente comboios de caminhões novos, modernos e bonitos de mesmas empresas de logística. Isto é, onde está a crise?

 A previsão para o o PIB do primeiro trimestre de 2009 é de pequeno recuo mas, para o segundo, a retomada do crescimento é dada como certa.


Ainda que não se possa dizer que a crise já se foi, uma coisa me inquieta: A crise foi ou não foi uma marolinha?


Ah, é importante dizer que, empresas e empresários estão sempre em busca da redução de custos fixos de suas atividades para que suas margens de lucro sejam maximizadas. Atrevo-me a dizer que certas grandes empresas acabaram demitindo funcionários neste cenário com a desculpa da crise, para poder dar uma boa enxugada na organização. Mesmo assim, o aumento no desemprego no Brasil foi muito pequeno - nem se compara ao americano, por exemplo.

A fusão Sadia-Perdigão, por exemplo, foi sustentada pelo argumento de que, juntas, as empresas se fortalecem para enfrentar tempos de crise. Isto é outra falácia, pois esta fusão já estava para acontecer há tempos, mas poderia ser impedida por diversos mecanismos políticos, a exemplo do episódio AmBev: Quando esta megaempresa foi criada, houveram denúncias de monopólio, dumbing comercial e outras acusasões que retardaram o processo de fusão das maiores cervejarias brasileiras. A Brazil Foods (péssimo nome, por sinal) foi agora criada a partir de Sadia e Perdigão e ninguém ousou contestar a criação de uma das maiores empresas alimentícias do mundo, sob o guarda chuva da crise.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

agenda

Reforma Tributária
Reforma Política
Reforma Penal
Lei do Aborto
Células Tronco
Reforma da Previdência
Lei do Petróleo do Pré-Sal
Reforma Trabalhista (!!!)
.
.
.
etc...

E no senado: Discussão sobre a administração do Senado.
E na câmara: Discussão sobre passagens aéreas usadas de forma indevida.

Em geral não costumo criticar os políticos, mas ultimamente tem sido inevitável.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Você quer?! Vai comprar!!!

Quem não lembra dos episódios do Chaves em que entrava em cena o Quico com um pirulito gigante e perguntava ao Chaves:

- Você quer, Chaves?!
- Sim, sim!! - Respondia o pobre menino demonstrando excitação.
- Então vai comprar!!! - Judiava o outro.

Pois essa inocente passagem de programa infantil retrata muito bem uma situação que vivemos diariamente, você consegue perceber?
Sim, e nunca aprendemos, feito o Chaves iludido com a possibilidade de comer um pirulito, um "sanduíche de presunto" ou brincar com a bola do seu vizinho.

- Quer?
- Sim, eu quero!
- Compraaaar.....

E a diversão segue a partir da decepção do outro.
Por isso, meus amigos, é que existe o ditado que diz que quando a esmola é grande.... O santo deve desconfiar! Por mais que a nossa vontade não seja esta.



o aquecimento global e suas falácias

Quando eu tinha 12 anos de idade, fiquei sabendo da existência de um fenômeno climático chamado "El Niño", que provocava terríveis secas no nordeste brasileiro, e enchentes calamitosas ao sul do país. O evento era sucedido em decorrência de uma variação da temperatura das águas do pacífico, cujas causas eram desconhecidas pelos entendidos. Pouco tempo depois, me ensinaram que também existia o fenômeno "La Niña", cujas consequências eram as inversas: estiagens no interior do sul do Brasil, e desastrosas inundações no Norte e Nordeste, iguais as que estão acontecendo nos dias de hoje. Estes efeitos existiam e aconteciam em datas já conhecidas, ninguém contestava.

Atualmente, porém, as causas destes acontecimentos foram transferidas em sua totalidade ao famoso Aquecimento Global. No final de semana passado, inclusive, em uma palestra sobre sustentabilidade, o figura que palestrava ousou dizer que o furacão Catarina e as últimas enchentes que enfrentamos em Santa Catarina foram desencadeados pelo malvado do Aquecimento Global.

 





Peraí!

 



Sim, em pouquíssimo tempo o homem resolveu retirar material fóssil que estava escondido em baixo da terra e queimá-lo. 

Sim, muitos dos recursos naturais do planeta rapidamente foram esgotados ou estão sendo.

Sim, devemos nos preocupar com estes assuntos em detrimento da qualidade de vida de nossos netos.

Dizer, contudo, que os fenômenos climáticos, que sempre aconteceram, possuem a mesma origem no vilão do aquecimento é um chute muito mal sucedido e mal fundamentado. Como que o camarada sabe que há 300 anos a região sul do Brasil não foi atingida por um furacão muito pior que o Catarina, por exemplo? E as enchentes de 1983 de Blumenau, tão trágicas (ou piores) do que as do ano passado?

Devemos, sim, estar atentos e empenhados para mudar os nossos estilos de vida, como forma de se otimizar o uso dos recursos naturais e, consequentemente, os financeiros, ainda mudando positivamente a nossa relação com o Planeta.

Sem falsos alardes. A conscientização deve ser baseada no que é racional e com reais propósitos.

p.s.: não foi fácil encontrar uma imagem na web a partir da palavra "sustentabilidade" para não cair nos clichês de mãozinhas segurando o planeta, ou uma muda de planta.


Mr. Cardoso

Gosto de política. Quem me conhece sabe, e quem não me conhece, mas que já leu algo aqui no blog deve ter percebido isso também. Acontece que eu possuo lá minhas crenças políticas e não seria agradável para você ficar lendo aqui textos tendenciosos, assim como eu não gosto de quando minha professora de Economia Brasileira incrementa pitacos políticos e comentários desnecessários na sua oratória – desvirtua o assunto. 

Hoje conversei com umas pessoas na minha faculdade (de administração) e, pela primeira vez naquele lugar encontrei pessoas reconhecendo os ótimos trabalhos realizados pelo atual governo Federal, o que me motivou a escrever sobre isso. Por isso decidi que, antes de elogiar este governo – ou criticá-lo – o farei com o anterior, o governo Fernando Henrique Cardoso. Desta maneira, acredito que passarei credibilidade ao leitor, assim como este também pode dar-se conta de que é possível elogiar e reconhecer os aspectos positivos daqueles que não conquistam o nosso voto.

A figura do nosso ex-presidente FHC já entrou para a história por diversos motivos. Sua trajetória revolucionária teve início antes mesmo de seu nascimento, uma vez que seu pai foi General do exército na década de 20, atuante no movimento chamado Tenentismo. (Seu avô e bisavô também eram generais).

Sociólogo de formação, foi estudioso e admirador do Socialismo, você sabia? Sim, FHC até publicou um livro a respeito e foi exilado político durante a Ditadura Militar no Brasil, assim como muitos que hoje pertencem a partidos políticos considerados de esquerda. 

Bom, passado o tempo, após liderar o MDB - Movimento Democrático Brasileiro - Fernando Henrique Cardoso teve um grande papel de salvador da pátria em 1994, quando foi Ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco. Naquela época, a inflação era o pior pesadelo que um brasileiro poderia ter. Nossos pais perdiam a noção do quanto os seus salários podiam comprar, pois os preços aumentavam muito, e muito rápido. FHC e sua equipe tiveram a brilhante idéia de criar um indexador da economia chamado URV, (lembra?), um mecanismo econômico que teve uma enorme utilidade para o psicológico do brasileiro. As coisas se acalmaram, e os consumidores, mesmo comprando em Cruzeiros Reais, sabiam quanto o seu dinheiro valia em URVs.

Depois disso, nas eleições de 1994 não deu outra: Fernandão na cabeça. E assim iniciou-se uma nova Era no Brasil, livre de inflação. Seu governo contemplou diversas falhas, muitos erros tanto econômicos, quanto sociais (desemprego recorde) e principalmente políticos (ao aliar-se, por exemplo, com Antônio Carlos Magalhães, o ACM). Cabe a este texto, porém, o papel de apenas citar o que deu certo. Ok, não tínhamos mais inflação.

No segundo mandato as coisas melhoraram, a economia começou a desatrelar-se, ainda que sufocada pela dívida externa impagável (que fez com que o Brasil quebrasse em 1999 e muita gente também não sabe disso). Vieram as privatizações (algumas delas muito bem sucedidas e necessárias a meu ver, como as de telefonia), e o país aparentemente transitou para uma fase de amadurecimento político, tanto da situação, quanto da oposição. 

Muitas leis de extrema importância foram criadas durante o governo FHC, como o novo Código de Trânsito, Lei do Petróleo (findando o monopólio Petrobrás), e aquela que, em minha opinião, é a mais importante delas, a que garante o nosso crescimento sustentável seja quem for o próximo governante: A Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede que o prefeito ou governador empurre dívidas para o mandato do sucessor, não é mais permitido gastar além do que se arrecada, eliminando jogos políticos infames.

As pesadas intervenções do Banco Central a partir de 1998 nos bancos comerciais pelo Brasil a fora foram de vital importância para a estruturação do mercado de capitais brasileiro atual, que pode até, de certa forma, blindar-se da crise financeira internacional.

Também foi criado, no segundo mandato de Fernando Henrique, um importante programa social chamado Bolsa Escola, adaptado posteriormente pelo atual governo. (E alguém insinua que o FHC estava interessado apenas em votos com esse tipo de programa?)

Ainda, as más diretrizes econômicas adotadas no primeiro mandato foram revistas e o país se encaminhou para um novo momento de possibilidade de desenvolvimento. Ou seja, na minha visão, o governo Fernando Henrique Cardoso preparou o terreno para o crescimento e desenvolvimento que contemplamos nos dias de hoje: Transitou da instabilidade total a um cenário com boas perspectivas de mudanças.

Não creio que ele seria, por exemplo, um bom nome para o momento em que o Brasil vive atualmente, por diversas razões que deixarei de mencionar por hoje.

Fernando Henrique entrou para a história ao ser o primeiro presidente reeleito no Brasil.

Em resumo é isto e não é difícil para mim, considerar e reconhecer tantos pontos positivos de um governo cuja ideologia política não me agrada. Desprezá-los é burrice e falta de humildade. 

Além disso, creio que a polarização direita-esquerda, patrões-empregados, capitalistas-comunistas, tentem a sumir do meio político (e fiquem apenas no meio filosófico). Vivemos em um mundo onde os próprios interesses pessoais afetam os interesses do próximo em uma dependência mútua e a busca pela convergência desses interesses me parecem a melhor alternativa.