segunda-feira, 25 de maio de 2009

marolinha boa

Bom, agora que já elogiei o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso, me sinto mais a vontade para elogiar o governo do atual presidente, Lula.

Sei que a maior parte das pessoas do meu meio social é crítica absoluta deste governo e é engraçado quando me perguntam, com perplexidade:

 

- Tu és a favor do Lula?!Justificar

- Sim. Eu e mais de 70% da população - respondo calmamente.


Não vou aqui escrever um texto fazendo propaganda pró-governo para não ser cansativo e chato. Irei apenas comentar certas (lamentáveis) piadinhas que surgiram após o comentário do Presidente de que a crise financeira mundial atingiria o Brasil apenas como uma "marolinha". Os entendidos da televisão malharam o pau, os entendidos do mundo acadêmico ironizaram o Presidente com o seu habitual ar de superioridade e eu fiquei quieto para ver o que aconteceria.

Domingo retrasado, no programa Canal Livre, da Band, o entrevistado foi justamente um jornalista econômico da Band, que volta e meia é entrevistador do mesmo programa, Joelmir Betting, cujos comentários costumam ser sensatos, ainda que costumeiramente acrescido de pitadas críticas e discretas ao governo.

Eis que, para minha surpresa, Betting se rendeu à política econômica do atual governo e obrigou-se a reconhecer alguns aspectos positivos. O mais sensacional foi quando ele sacou uma lista de dados da economia brasileira pós crise – eram uns 10, mais ou menos – do tipo setor de construção civil, setor alimentício, setor de tudo quando é atividade. Nenhum índice registrou queda brusca, aliás, pouquíssimos registraram queda. Ou seja, a economia brasileira recebeu um peteleco em que muitos se assustaram mas poucas coisas recuaram e, no geral, tudo continuou como estava: crescendo a todo vapor.

Viajei para Minas Gerais de carro, em abril. O que vi foram estradas cheias de carros e principalmente de caminhões. Caminhões novos, inclusive. Nas proximidades de São Paulo, encontrava-se corriqueiramente comboios de caminhões novos, modernos e bonitos de mesmas empresas de logística. Isto é, onde está a crise?

 A previsão para o o PIB do primeiro trimestre de 2009 é de pequeno recuo mas, para o segundo, a retomada do crescimento é dada como certa.


Ainda que não se possa dizer que a crise já se foi, uma coisa me inquieta: A crise foi ou não foi uma marolinha?


Ah, é importante dizer que, empresas e empresários estão sempre em busca da redução de custos fixos de suas atividades para que suas margens de lucro sejam maximizadas. Atrevo-me a dizer que certas grandes empresas acabaram demitindo funcionários neste cenário com a desculpa da crise, para poder dar uma boa enxugada na organização. Mesmo assim, o aumento no desemprego no Brasil foi muito pequeno - nem se compara ao americano, por exemplo.

A fusão Sadia-Perdigão, por exemplo, foi sustentada pelo argumento de que, juntas, as empresas se fortalecem para enfrentar tempos de crise. Isto é outra falácia, pois esta fusão já estava para acontecer há tempos, mas poderia ser impedida por diversos mecanismos políticos, a exemplo do episódio AmBev: Quando esta megaempresa foi criada, houveram denúncias de monopólio, dumbing comercial e outras acusasões que retardaram o processo de fusão das maiores cervejarias brasileiras. A Brazil Foods (péssimo nome, por sinal) foi agora criada a partir de Sadia e Perdigão e ninguém ousou contestar a criação de uma das maiores empresas alimentícias do mundo, sob o guarda chuva da crise.

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