quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

homenagem fenomenal

        Engano-me quando penso que no período de férias estudantis me dedicarei mais frequentemente ao blog. Na verdade, nestes períodos, a gente sempre arruma atividades de lazer ou burocráticas – para não deixar para fazê-las quando as aulas recomeçarem.
        Além disso, férias combinam com preguiça. Embora cheio de idéias para discorrer a respeito, tenho uma preguiça danada só em abrir o blog, começar a redigir qualquer coisa.
        Hoje, entretanto, me motivei a escrever brevemente a respeito da aposentadoria do Ronaldo. Não sei bem o quê dizer neste texto, a vontade surgiu a partir da simples admiração por aquela figura.
        Quem é apaixonado por futebol, como eu, está triste, pois sabe que a última esperança que havia em ver o Ronaldo dando show morreu. Apesar da sua forma física gritantemente nos dizer que isto não seria possível já há algum tempo, ainda existia uma esperança.
        Ainda estou indeciso se o melhor jogador que eu vi jogar foi o Ronaldo ou Zidane, mas é claro que o meu patriotismo puxará a brasa para a sardinha do brasileiro. Além disso, a admiração no fenômeno vai além das suas qualidades indiscutíveis com a bola nos pés. Nem se compara o seu carisma com a sisudez do argelino naturalizado francês.
        De onde teria tirado tanta desenvoltura para falar ao microfone, com aquela fala mansa esbanjando sensatez, um garoto nascido em um bairro pobre da zona norte do Rio de Janeiro?
        Assim são os gênios.
        Existirão aqueles que consideram gênios os seres com alto desenvolvimento intelectual, tão somente. Discordo. Os desenvolvimentos físico e emocional de um ser humano determinam igualmente sua capacidade de inteligência e genialidade. A maneira com que Ronaldo usava o seu corpo para obter vantagem dos adversários, o jeito com que ele chutava ou tocava na bola o colocam neste patamar, merecidamente reverenciado e homenageado no mundo inteiro neste dia em que ele resolveu parar.
        As razões para sua aposentadoria – que não deixa de ser precoce comparada a de outros jogadores de futebol – são muitas e ninguém jamais saberá exatamente o que se passou na cabeça dele no momento da decisão.
        Lembro-me bem que, na Copa do Mundo de 98, Ronaldo era considerado um super atleta, no auge do uso do seu corpo, com reduzidíssimo percentual de gordura e anormal capacidade de aliar força, explosão e velocidade. Nos anos seguintes, o resultado foi o colapso dos seus dois joelhos. A estrutura óssea daquele garoto franzino que jogava no Cruzeiro visivelmente não suportou por muito tempo tanta exigência da preparação física.
        Esta questão é levantada em outras áreas do esporte. Discute-se que a exigência da preparação física atlética dos dias atuais não é saudável e acaba por encurtar a vida profissional dos esportistas. Foi assim com o Guga e seu incurável quadril e diversos outros exemplos mais distantes de nós.
        Após duas cirurgias, especula-se que Ronaldo passou a ter uma vida que nunca teve, envolvendo pequenas tentações que qualquer pessoa normal não dispensa: guloseimas, cervejinhas, etc. Jamais conseguiu emagrecer, apesar de conseguir ainda assim chegar a marca de maior goleador de todas as Copas do Mundo (organizadas desde 1930!).
        Eu sou um torcedor muito chato. Amo o Internacional e ponto final. Vou aos jogos do Avaí e vibro pelo time de minha cidade em algumas ocasiões e esta é a única exceção que eu abro. Nem com a seleção do Brasil eu vibro, salvo em Copa do Mundo. Em geral eu assisto aos jogos da seleção para prestar atenção nos jogadores do Inter que lá estão jogando e fico torcendo para que os jogadores do Grêmio e Corinthians, que estão defendendo o Brasil, vão mal. Tenho ódio especial por estes dois times.
        Ronaldo fez a sua estréia pelo Corinthians jogando contra o Palmeiras. Eu estava assistindo aquele jogo ao vivo e, naturalmente, independente de Ronaldo em campo, torcendo pelo Palmeiras. Lá pelas tantas, porém, uma bola sobrou para que o Fenômeno cabeceasse e fizesse o gol do Corinthians e então eu comemorei como se fosse um torcedor, mas vibrando com sua volta, mais uma vez com sucesso, aos gramados.
        Acredito que este exemplo mostra o carinho que muitos brasileiros, como eu, tem pelo nosso Ronaldo, um cara capaz de me fazer vibrar com um gol do Corinthians! Só mesmo sendo um gênio, um Fenômeno.

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